28 julho 2010

PESCARIA

Cesto de peixes no chão.
Cheio de peixes, o mar.
Cheiro de peixe pelo ar.
E peixes no chão.

Chora a espuma pela areia,

na maré cheia.

As mãos do mar vêm e vão,
as mãos do mar pela areia
onde os peixes estão.

As mãos do mar vêm e vão,
em vão.
Não chegarão
aos peixes do chão.


Por isso chora, na areia,
a espuma da maré cheia.

Cecília Meireles


27 julho 2010

No tempo dos Coronéis.


Com certeza você já deve ter ouvido falar dos Coronéis, grandes fazendeiros que tinham grande poder político exercendo o "voto de cabresto", mas você sabe como surgiu este termo?
Durante o Império, foi criada a Guarda Nacional. Esta guarda não passava de milícias armadas, sob comando de um fazendeiro, que ganhava do Imperador uma patente de “Coronel”.
Esta foi a forma encontrada pelo império para fazer frente as rebeliões locais e confronto com escravos, que pipocavam por todo o território nacional. Após a extinção da Guarda Nacional, o hábito de chamar os fazendeiros de “Coronéis” continuou para demonstrar o poder de mando e domínio pessoal que estes latifundiários exerciam sobre os trabalhadores de sua propriedade. Durante a República Velha (1889-1930),também chamada de república dos coronéis, como o voto não era secreto o eleitor declarava Publicamente em quem estava votando, e devido o poder exercido pelos coronéis sobre a população todos sufragavam os candidatos por ele indicado, com medo das represarias que poderiam ser vitimas.
Além do voto de cabresto, os coronéis praticavam todos os tipos de fraudes para que seus candidatos fossem vitoriosos. Infelizmente em nossa época ainda podemos presenciar algumas práticas do coronelismo, como, por exemplo, a compra de votos.Por isso nesta eleição vote nos candidatos que realmente estejam compromissados com a melhoria da sociedade, e principalmente com a melhoria da educação pública.


19 julho 2010

Revisionismo Histórico

 Temos visto publicados em revistas e jornais de grande circulação, artigos sobre o revisionismo histórico onde relatam que historiadores estariam revendo e recontando nossa história. Infelizmente estes artigos na grande maioria das vezes pegam pequenos fatos isolados e que, fora do contexto geral, induzem os leitores a formarem uma opinião errônea sobre os fatos históricos levando a concluírem que aquilo seria uma regra e não uma exceção. Um dos fatos isolados que é muito citado pelos artigos como uma “nova verdade” é sobre a relação dos negros com a escravidão, onde narram que alguns negros tinham escravos, mas qual a relevância disto perante os quase três milhões de negros que foram trazidos para o Brasil?
Foram 400 anos de escravatura e com certeza alguns negros conseguiram se mover dentro da estrutura social alcançando posições de destaque e em tais situações iriam seguir o modo de vida reinante, mas devemos lembrar que estes eram casos raríssimos e que a grande maioria dos negros eram escravos e viviam em condições degradantes. O mesmo tom é apresentado sobre a relação dos índios com os brancos, expondo que alguns grupos teriam sido favorecidos e se integrado ao modo de vida trazida pelos europeus. As sociedades indígenas, apesar da visão branca de “serem todas iguais”, possuíam organização social, línguas e costumes diferentes entre si o que gerava conflito entre eles e cada grupo se aliava ao homem branco conforme sua conveniência, mas as grandes maiorias dos grupos indígenas resistiram aos colonizadores até a morte ou fugindo para regiões mais remotas. Assim temos que deixar bem claro que, na grande maioria das vezes a convivência dos índios com os brancos foi imensamente prejudicial aos índios e que o principal responsável pelo extermínio das nações indígenas foi o homem branco e até hoje as comunidades indígenas sofrem as conseqüências de nossa colonização.
Os historiadores com certeza têm um compromisso com a verdade, levando a uma reinterpretação da história, mas os professores não devem esquecer que estes olhares revisionistas tirados dos contextos mais amplos, podem despertar ou mesmo servir de álibi para a manutenção das injustiças que ocorrem em nosso país. Como se essas “novas verdades” amenizassem as nossas responsabilidades perante as injustiças vividas pelos índios e negros em nosso país. Por isso é necessário que o professor tenha uma boa base teórica, caso queira enveredar por este caminho para evitarmos passar uma mensagem deturpada que contribua mais ainda para posturas negligentes perante o problema do racismo em nossa sociedade.
Aproveite para conhecer, no link abaixo, a aldeia Sapukai dos índios Guaranis em Angra dos Reis .

14 julho 2010

Agricultura transgênica – vantagem ou desvantagem?

Uma das discussões deste início de século no Brasil é a liberação ou não da agricultura transgênica em larga escala em nosso pais, apontada por muitos como a única solução para a fome mundial, e por outros como um grande perigo para a biodiversidade. O fato é que em vários países do mundo já se cultivam os transgênicos principalmente os grãos (soja e milho), e os mesmos estão presentes em vários produtos alimentícios comercializados atualmente, sendo que as maiorias dos países obrigam os produtos transgênicos e seus derivados a serem identificados quanto a sua origem. Mas o que seriam plantas transgênicas? São melhoramentos genéticos feitos nos organismos, em geral com objetivo de aumentar a produtividade e imunizar contra pragas. Os melhoramentos genéticos em espécies vegetais são feitos de duas maneiras: Sem transgênese, o vegetal de interesse é isolado sofre autopolinização, enxerto e tem acasalamento induzido, Com transgênese, existe a manipulação do gene de interesse, com aplicação de técnicas de fragmentação, replicação, recuperação do gene de interesse para o vegetal alvo.
O principal argumento a favor dos transgênicos seria a sua alta produtividade por área plantada, o que aumentaria a oferta de alimentos para a população, erradicando assim a fome no mundo. Segundo a Food and Agriculture Organization (FAO), órgão das nações unidas, à quantidade de alimento produzida hoje no mundo é suficiente para banir a fome do planeta uma vez e meia, mas um em cada sete habitantes do mundo passa fome mostrando que o problema da fome não é por falta de alimentos sim devido à desigualdade social. Outra crítica que é feita é que devido a esta propaganda sobre o “fim da fome” com os transgênicos, os governantes estariam relaxando em relação ao combate da desigualdade social, apostando todas suas fichas no milagre dos transgênicos. Os defensores dos transgênicos falam que na cultura de transgênicos o uso de inseticida é bem menor pois as plantas seriam mais resistentes aos insetos. Conforme relata Kimsky & Wrubel (1996) esta seria outra ilusão sobre os transgênicos, já que as culturas transgênicas seriam imunes a determinados insetos, mas aumentaria o ataque de outras espécies de insetos, e no final das contas se acabaria usando a mesma quantidade de inseticida que a cultura não transgênica. Existem também hipóteses que os transgênicos afetariam a biodiversidade, através da monocultura e substituição da vegetação nativa, os defensores dos transgênicos falam que estes prejuízos a biodiversidade ainda não estão mensurados e que não seriam maiores que os já causados pela agricultura comercial não transgênica, com vantagens para os transgênicos, pois produziriam mais grãos por hectares plantados.
Nos anos 70 tivemos a primeira revolução verde que causou desemprego no campo e a formação de grandes latifúndios, mas pelo menos houve um aumento da produção de alimentos, e a segunda revolução verde, capitaneada pelos transgênicos qual o seu verdadeiro interesse? Devemos lembrar que os transgênicos são frutos de pesquisas milionárias do setor privado, principalmente internacional, e estas empresas só visam lucro não tendo nenhum compromisso com o nosso desenvolvimento.
Cabe a população exigir que o governo estabeleça meios de controles e acompanhamentos destes produtos e também garantir a manutenção da nossa biodiversidade impondo regras sobre o uso destas plantas, e fomentando pesquisas nesta área para que não fiquemos nas mãos de empresas transnacionais tais como Syngenta, Bayer, Basf, Monsanto e Dow, que sozinhas possuem 74% das patentes das plantas transgênicas no mundo, formando assim um oligopólio que pode ser extremamente perigoso.

09 julho 2010

Qualidade, o desafio da Escola pública.

Novamente a divulgação dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação básica (IDEB) causam comoção e suscitam debates sobre a qualidade da educação púbica, o IDEB integra informações do gerenciamento escolar (aprovação, reprovação e evasão), dados do Censo Escolar da Educação Básica e os resultados da Prova Brasil, que é aplicada aos estudantes ao final de cada etapa da Educação Básica. A fórmula do resultado do IDEB é um pouco complexa, mas, basicamente, pode ser resumida assim: quanto menos tempo os alunos de uma escola levam para completar determinada etapa do ensino, e quanto mais altas são as notas deles na Prova Brasil, melhor será o IDEB dessa escola. A escala vai de zero a dez. Infelizmente os resultados do IDEB para a maioria das pessoas passaram a representar um “ranking” das melhores e piores escolas, desvirtuando assim os fins para que o mesmo foi criado. A professora da UnB, Benigna Vilas Boas faz uma colocação interessante sobre esta “utilização” do IDEB, “Parece que a mesma avaliação punitiva que por tanto tempo se aplicou ao estudante passou a ser aplicada também à escola”. Quem de nós nunca se sentiu prejudicado ou desmotivado após uma nota baixa? O mesmo ocorre com a escola, pois se originalmente a idéia era que o IDEB servisse como diagnóstico de problemas e planejamento de ações para correção deles, o IDEB tornou-se mais uma ferramenta de exclusão, pois as maiorias das escolas com “notas baixas” ficam nas comunidades mais prejudicadas socialmente, sem que isso na verdade represente que estas escolas trabalharam menos que as outras, mas servindo com certeza para desestimular toda a comunidade escolar e criando mais preconceito. Para complicar mais ainda os políticos, sempre eles, já notaram que uma cidade com boas notas no IDEB rendem dividendos políticos e brevemente teremos casos de municípios que “preparam” através de “cursinhos” os alunos de sua rede para fazerem bonito na Prova Brasil, contribuindo ainda mais para desvirtuar a finalidade do IDEB.
Todos sabem que em qualidade nossas escolas públicas ainda estão longe do ideal e que é necessário que haja ferramentas para mensurar esta “qualidade”, e apesar das críticas o IDEB é uma destas ferramentas, mas devemos nos lembrar que simples comparações podem não espelhar a realidade, podendo às vezes mais prejudicar que ajudar. Uma boa ferramenta avaliadora deve dar a escola subsídios para se atingir os objetivos traçados conjuntamente, escola e comunidade, e neste cenário o conhecimento dos problemas, é um primeiro passo para a correção dos mesmos, trabalhando assim com um panorama visando uma educação de qualidade, mas não centradas somente na ótica do “conteúdo” e sim em um processo mais humanista, para formação de uma sociedade mais justa, multicultural e igualitária.

Caso queria conhecer os índices da sua região acesse o link abaixo:

http://sistemasideb.inep.gov.br/resultado/

06 julho 2010

O ensino da História Africana

A copa disputada na África do Sul fez que o mundo voltasse os olhos para aquele continente, geralmente fora dos noticiários, e quando aparece é quase sempre negativamente. No Brasil, apesar da forte presença africana em nossa cultura a História deste continente é praticamente desconhecida por nós. Este quadro começa a mudar com a obrigatoriedade do ensino da História Africana em nossas escolas.
Mas porque ensinar a História da África em nossas escolas? Primeiramente não podemos entender a nossa história como nação sem entendermos as relações do Brasil com o continente africano. A África esta intrinsecamente ligada a nossa história, portanto conhecer a história da África é essencial para entendermos nossa história. Não devemos nos esquecer que a História da África esta profundamente ligada a História da humanidade, pois lá é que surgiram as primeiras formas conhecidas de homens e mulheres.
Outro motivo pelo qual devemos ensinar a História africana é para combater o racismo e elevar a auto-estima de nossos alunos, e para que isto ocorra o governo Federal tornou obrigatório o ensino da História da África em nossas escolas (Lei 10.639/03 e Resolução CNE nº 1, de 17 de Junho de 2004).
Durante séculos os Africanos foram espalhados compulsoriamente para diferentes partes do mundo, na maior diáspora que se tem notícia, e o tráfico de escravo foi o grande responsável por estes movimentos de migrações forçadas, e neste processo os africanos não levaram consigo somente sua força de trabalho, mas seus conhecimentos, suas tecnologias, suas visões do mundo, seus talentos e valores. Nas Américas, principalmente, podemos sentir a presença desta herança Africana, sejam nos costumes, na língua, na cultura, na história e na própria formação da identidade nacional.
Geralmente na escola não temos acesso a estes conhecimentos, que fazem parte da História Africana, pois a história que se conta geralmente é a do opressor e não a do oprimido, o desconhecimento sobre a cultura e a História dos Africanos e seus descendentes nas Américas, podem nos levar, muitas vezes a simplificar as explicações para um fenômeno tão complexo quando ao racismo entre nós, perpetuando a falácia da suposta democracia racial brasileira.
O racismo é um fenômeno que influi no modo de agir e se ver no mundo, julgando “raças” ou culturas como inferiores ou superiores. Apesar de não termos um racismo às “claras” como ocorrem em outros países, o Brasil possui um racismo dissimulado quase “envergonhado”, mas que é presente quando se faz necessário “manter o negro em seu lugar”. Quem já não presenciou ou foi vítima de uma cena de racismo explícita? Pelo conhecimento da História e seus processos de exclusão, é que poderemos trabalhar junto aos nossos alunos a questão do racismo desmistificando a nossa “democracia racial” mostrando, que na verdade, o sistema é excludente e perverso para com os afros descendentes e que este racismo não é “natural” ao ser humano, que podemos e devemos discutir esta questão com intuito de quebrarmos este círculo vicioso que exclui a maioria dos negros da economia e da vida política em nosso país.


Caso queira se aprofundar no assunto acesse o link abaixo:

Resolução CNE nº 1, de 17 de junho de 2004




02 julho 2010

“quem não se comunica, se trumbica”


Neste novo século a comunicação atingiu um patamar inimaginável, todos estão conectados de uma forma ou outra, e a grande causadora deste fenômeno é a internet. Quando foi criada nos anos 60 do século passado ninguém poderia prever até onde ela chegaria, e uns dos principais motivos que fizeram explodir o uso da internet no Brasil são as redes sociais, usadas para interagirmos uns com os outros. As mais conhecidas e usadas no Brasil são o Orkut, MSM, o facebook, Wikipédia, Blogger e mais recentemente o Twitter. Os usos destas redes sociais atingem todas as camadas sociais, independente de sexo, idade e cor.O uso da internet esta afetando profundamente o processo de percepção do mundo, e conseqüentemente da aprendizagem de alunos e professores, e as principais possibilidades de inovação na educação apontadas pelo uso das redes sociais são: A possibilidade de usar na educação um leque de novas tecnologias, criadas para serem usadas por todos, pois são fáceis de aprender, de operar, e ainda são gratuitas. A ampla possibilidade de comunicação utilizando inúmeros recursos audiovisuais (imagens,animações,filmes). A oportunidade de aprendizagem foi estendida a outros locais e momentos, deslocando a atividade educacional para outros espaços que não sejam somente ao ambiente escolar tradicional. Provocam nos alunos e professores a necessidade e o gosto pelo trabalho colaborativo e estimula a pesquisa, possibilita a distribuição de conteúdo autônomo através da publicação via web. Permite também que a escola, como estrutura física, ganhe visibilidade e personalidade com publicação de blogs, contando suas histórias, atividades e desafios, criando um canal de comunicação com a comunidade e até com outras escolas. A internet com seu caráter libertário assusta uma instituição como a escola, acostumada com o total controle sobre o processo educacional, mas é uma ferramenta poderosa e a escola não pode virar a costa para ela sob pena de perder o bonde da história e a possibilidades do uso da mesma são ilimitados cabendo somente aos docentes estarem preparadas para as mesmas. E como dizia o Chacrinha*:
“quem não se comunica, se trumbica”
*José Abelardo Barbosa de Medeiros, ou simplesmente Chacrinha, foi um dos apresentadores mais renomados da televisão brasileira.