19 setembro 2011

O professor e as novas tecnologias.

Na Sociedade moderna os processos de aquisição do conhecimento assumem um papel de destaque e passam a exigir um profissional crítico, criativo, com capacidade de pensar com autonomia e de aprender a aprender. Além de possuir a capacidade de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo
Apesar de reconhecermos que a sociedade esta cada vez mais tecnológica, ainda não existe um consenso da necessidade de incluir, e como incluir nos currículos as habilidades e competências para lidar com estas novas tecnologias. Mas independente desta discussão, existe a necessidade de uma reinvenção do papel do professor, e este novo papel esta ligado a como ele interage com estas novas tecnologias, desenvolvendo atividades de interesse didático/pedagógico no mundo virtual.
Nesta nova realidade o professor deve saber usar o ciberespaço e suas ferramentas para desenvolver os ambientes de aprendizagem centrados nas atividades dos alunos, na interação social e no desenvolvimento do espírito colaborativo e autônomo do aluno, e para que o “novo” professor possa atuar nesta nova sociedade, são necessários ao professor alguns pré-requisitos, tais como:
- Conhecimento das novas tecnologias e da maneira de operá-las;
- Curiosidade para pesquisas para construção e adaptação de conteúdos;
- Capacidade para provocar hipóteses e deduções para compreensão de conceitos;
- Capacidade de dialogar com o conhecimento sejam em grupo ou individualmente
- Capacidade de divulgar resultados e multiplicar descobertas.
         Outra função do “novo” professor será a de orientar os educandos sobre onde colher informações no ciberespaço e como tratá-las, ora estimulando o trabalho individual, ora apoiando o trabalho de grupos reunidos por área de interesses.
Para a “construção” deste novo professor, ele não pode ser colocado á margem do processo tecnológico, ele tem debater a apropriação destes recursos e das formas de gestão que possibilitam sua implantação no ambiente escola.
A incorporação das novas tecnologias como ferramentas comuns ao ambiente escolar, é um elemento que pode contribuir para uma maior vinculação entre os contextos de ensino e as culturas que se desenvolvem fora do âmbito escolar.
A escola tem o desafio de não apenas incorporar as novas tecnologias, mas também, de promover o desenvolvimento de reflexões sobre o conhecimento e o uso das novas tecnologias.
Ao professor cabe entender que não se sustenta apenas o saber usar as tecnologias, é necessário saber interagir com ela e criar espaços efetivamente educacionais, talvez seja este o grande desafio da educação neste início de século.
“É preciso começar a discutir convergências não só de tecnologias, mas também de aprendizagens.“
Maria Luiza Belloni , professora e pesquisadora (UFSC) no 1° Encontro Internacional do Sistema Universidade aberta do Brasil.
Referencias:
http://www.capes.gov.br
http://www.cedu.ufal.br

13 setembro 2011

O cidadão norte-americano

Nestes tempos de xenofobia, o texto abaixo do antropólogo Norte Americano Ralph Linton publicado originalmente no Estados Unidos em 1936 no livro “ O homem: uma introdução a antropologia” nos leva a refletir sobre a teia cultural que une todos os homens. Como podemos ver no texto, apesar de não darmos conta, o nosso cotidiano de homem moderno esta repleto de contribuições de outras culturas por isso devemos sempre termos cuidado com os nacionalismos exacerbado.
          “O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo emprego foi descoberto na China. Todos estes materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos “mocassins” que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos e entra no quarto de banho cujos aparelhos são uma mistura de invenções européias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é vestiário inventado na Índia e lava-se com sabão que foi inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito.
Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário têm a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas do século XVII. Antes de ir tomar o seu breakfast, ele olha a rua através da vidraça feita de vidro inventado no Egito; e, se estiver chovendo, calça galochas de borracha descoberta pelos índios da América Central e toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas. De caminho para o breakfast, pára para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de elementos tomados de empréstimo o espera.O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China.A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval: a colher vem de um original romano. Começa o seu breakfast com uma laranja vinda do Mediterrâneo Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a idéia de aproveitar o seu leite são originárias do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café, vêm waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria-prima o trigo, que se tornou planta doméstica na Ásia Menor. Rega-se com xarope de maple, inventado pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos. Como prato adicional talvez coma o ovo de uma espécie de ave domesticada na Indochina ou delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um processo desenvolvido no Norte da Europa. Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome uma planta originária do Brasil: fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do México. Se for fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas por intermédio da Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for bom cidadão conservador, agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-européia, o fato de ser cem por cento americano".
(LINTON, Ralph. O homem: Uma introdução à antropologia, 1959).