01 março 2011

Bullying não tem graça


      Bullying, substantivo nascido do adjetivo, bully, que signifi­ca valentão. Em seu pior sentido da palavra. Esta palavra de origem inglesa denomina um dos grandes problemas enfrentados pelas escolas nos dias de hoje, a perseguição contra os diferentes, sejam fisicamente, racialmente ou intelectualmente. Esta perseguição pode envolver violência física ou psicológica e geralmente é exercido  por pequenos grupos que elegem um aluno para ser vitima de suas covardias. Mas o que leva uma criança ou adolescente a sentir prazer em maltratar um ser humano? Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro Bullying — Mentes Pe­rigosas nas Escolas (Objetiva) estas crianças/adolescentes podem ser divididas em quatro grupos, no primeiro grupo estariam crianças sem limites em casa, geralmente causada pela ausência dos pais, que procuram compensar esta falta não dando limites aos filhos. Um segundo grupo incluem as crianças que não possuem um exemplo de tolerância vindo da família, sendo comum pais violentos e que externam seus preconceitos. Já um terceiro grupo seriam de crianças que mudam repentinamente de personalidade e que podem estar sendo influenciadas pelo grupo. Nestes três tipos de crianças, cabe aos pais observar e conversar com os filhos e se necessário procurar ajuda profissional, que pode ser um orientador, um psicólogo ou um terapeuta.
No quarto grupo se encontram aquelas crianças com natureza perversa que apesar de serem poucos entre os bullies, são crianças que não demostram capacidade de sentir o sofrimento dos outros, estas crianças geralmente desde cedo não demonstram comoção ao ver um sofrimento de um animal, não sendo raro torturar os mesmos por um prazer sádico. Este grupo de crianças são os casos de maior dificuldades e que necessitam de acompanhamento terapêutico por longo tempo.
Mas qual o papel da escola na prevenção ao bullying? Estudos indicam que a escola deve agir antes do bullying acontecer, isto pode ser feito adotando algumas praticas, tais como: desenvolver tanto nos professores quanto nos demais profissionais um olhar mais observador, capaz de perceber os sinais de violência, adotar uma maior supervisão nos pátios e em sala de aula, principalmente nos intervalos, punir os agressores, assessorar as vitimas e transformar os espectadores em aliados e em sala de aula, não deixar o tratamento por apelidos, evitar a formação de “panelinhas”, incentivar a relação entre as pessoas. Também deve-se promover debates sobre violência, sobre multiculturalismo, sobre respeito mútuo e relações humanas. Outra postura importante é evitar que os profissionais da escola usem atos agressivos, verbais ou não, entre si ou para com os alunos. Dando assim exemplo aos jovens. O psicólogo e professor Dan Olweus,da Universidade de Bergen, na Noruega, pioneiro no estudo do bullying nos ensi­na com identificar potenciais agressores
Em casa
1. Volta da escola com as roupas amarrotadas e exibe um certo ar de superioridade.
2. Apresenta atitude desafiante e hostil com pais e irmãos.
3. É habilidoso para sair-se bem em situações complicadas.
4. Tenta exteriorizar sua autori­dade sobre alguém frágil.
5. Porta objetos ou dinhei­ro sem justificar a origem.
Na escola
1. Faz brincadeiras ou gozações com os colegas diariamente.
2. Coloca apelidos pejorativos ou prefere chamar os cole­gas pelo nome e sobrenome.
3. Insulta, menospreza, ridicu­lariza e difama sem culpa.
4. Faz ameaças, dá ordens, do­mina e subjuga os tímidos.
5. Incomoda, intimida, empurra, picha, bate, dá socos, pon­tapés, beliscões, puxa os ca­belos, envolve-se em discus­sões e desentendimentos.
6. Pega materiais, dinheiro, lan­che e outros pertences dos colegas sem consentimento.
O bullying já é considerado nos Estados unidos e em alguns países da Europa como um problema de saúde publica e segurança, e recebe das autoridades uma atenção especial no sentido de coibir esta pratica, não sendo raros os casos que vão parar no judiciário, onde os praticantes de bullying acabam sendo tratados de forma rigorosa como criminosos comuns.

"Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais".
Artigo 5a do Estatuto da Criança e do Adolescente.
 
Fonte: Bullying: mentes perigosas na escola. SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.
Fonte: Revista Claudia – Janeiro 2011 – Editora Abril - Pp93 a 95