19 maio 2012

FLIP - 2012

       Neste ano a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), que ocorrera no mês de Julho, completa 10 anos e para comemorar, a festa será dedicado ao poeta Carlos Drummond de Andrade. Entre as presenças de autores teremos nomes consagrados, como Luís Fernando Veríssimo, Antônio Cícero e Silviano Santiago que irão falar sobre o homenageado. Teremos também a presença do escritor Libanês Amin Maalouf, autor entre outros do romance: século primeiro depois de Beatriz, entre as presenças confirmadas consta o Colombiano Juan Gabriel Vásquez, autor do premiadíssimo Historia secreta de Costaguana. Outro que se fará presente é o poeta Ali Ahmad Said Esber, que é considerado um dos maiores expoente da poesia árabe e que escreve sob o pseudônimo: Sírio Adônis. Uma das presenças estrangeiras mais festejadas promete ser a do romancista franco-mauriciano Jean-Marie Gustave Le Clézio ganhador do Nobel de 2008. Representando a literatura espanhola teremos a presença do ensaísta Javier Cercas e Enrique Vila-Matas.
       Uma presença que promete causar frisson é a do consagrado romancista norte americano Jonathan Franzen, autor do Aclamado romance, Liberdade – considerado por muitos com a primeira grande obra literária do século XXI, e encerrando a lista de estrangeiros com presenças já confirmadas teremos o romancista britânico Ian McEwan, dono de uma vasta obra literária, onde os mais conhecidos são: O jardim de cimento e Cães negros. Além dos autores brasileiros já citados teremos também a presença do jovem escritor mineiro Carlos de Brito e Mello autor do romance A passagem tensa dos corpos, bem como a presença do romancista gaúcho Altair Martins e do contista paulista João Anzanello Carrascoza.

26 fevereiro 2012

Combatendo o preconceito – Escola Inclusiva


O Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa define preconceito como conceito antecipado e sem fundamento razoável; opinião formada sem ponderação; superstição; convencionalismo.

       O preconceito é tão velho quanto a humanidade e, por essa razão é, tão difícil de ser erradicado. Qualquer grupo social pode ser alvo do preconceito. Ele é constituído por três elementos: primeiro, sua base cognitiva – os estereótipos; segundo, seu componente afetivo – os sentimentos negativos em relação a um grupo; e o terceiro componente é o comportamental – as ações e atitudes.
O psicólogo norte americano Gordon Allport, ficou mundialmente conhecido por seus estudos sobre a teoria da personalidade e defendia que o melhor jeito de se combater o preconceito era através do contato entre os diferentes. Allport definiu o preconceito como uma atitude negativa em relação a um grupo, uma atitude hostil contra um indivíduo ou grupo, simplesmente porque ele pertenceria a um grupo socialmente prejudicado, e pregava o caráter tolerante como contrário ao preconceito.Já a escritora Húngara Agnes Heller alega que o preconceito é um produto das classes dominantes, pois essas classes desejam manter a coesão de uma estrutura que as beneficia, impedindo assim que os indivíduos/grupos vítimas de preconceito vejam suas alternativas de ascensão reduzidas.
Na visão de Heller os homens são responsáveis por seus preconceitos e que quando optamos pelo preconceito estamos optando pelo caminho mais fácil, e para se libertar do preconceito o ser humano deve correr riscos, e não se prender ao censo comum, ao conhecido, é preciso correr o risco de errar, de pensarmos individualmente, de reconquistarmos a liberdade de escolha, de abandonarmos a tranquilidade do coletivo.
Mesmo com posições divergentes ambos pensadores convergem em uma ideia: são necessárias ações para se combater o preconceito. No campo educacional uma das ações adotadas contra o preconceito em relação as pessoas com deficiência chama-se: escola inclusiva, nesta perspectiva a educação inclusiva perpassa todos os níveis de ensino e visa garantir a todos, sem exceção, o acesso aos conteúdos básicos, o direito a uma vida digna e o pleno exercício da cidadania. Mas o que torna uma escola inclusiva? Vejamos o que diz o MEC.
“A escola inclusiva é aquela que conhece cada aluno, respeita suas potencialidades e necessidades, e a elas responde, com qualidade pedagógica.”
Programa Educação Inclusiva, Volume3 –p8 – MEC – Brasília, 2004

A educação inclusiva reconhece e valoriza as características individuais no processo de construção do conhecimento de cada aluno. Esta concepção enfatiza as possibilidades de desenvolvimento acadêmico e sucesso escolar, combatendo os estigmas e preconceitos promovendo a inclusão de todos no mundo acadêmico e social. Sobre inclusão a educadora MANTOAN (1997) nos diz:
“[...] inclusão questiona não somente as políticas e a organização da Educação Especial e regular, mas também o conceito de integração – mainstreaming. A noção de inclusão não é incompatível com a de integração, porém institui a inserção de uma forma mais radical,completa e sistemática”
Com a escola inclusiva todos ganham. As crianças percebem como é importante respeitar e observar as necessidades do outro. As crianças crescem e se transformam trabalhando as diferenças, trabalho que ajuda na construção de um mundo apto a acolher o outro como outro, um mundo de homens capazes de deixar que o outro seja diferente de mim tal como sou diferente do outro.
Fontes: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/experienciaseducacionaisinclusivas.pdf
HERCULANO, Claudia Vieira de Castro, Tópicos em Educação Especial – Volume2, CEDERJ – RJ


MANTOAN, Maria Teresa Eglér. A Integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon. Editora SENAC, 1997.

17 janeiro 2012

Parque Estadual Marinho do Aventureiro e os Caiçaras – uma difícil relação

As comunidades Caiçaras habitavam as praias do litoral sul do estado do Rio de Janeiro ao litoral norte do Paraná e tinham como principais características o fato de viverem da pesca e da agricultura familiar. Durante a década de 70 do século passado, este grupo sofreu forte pressão, tendo quase desaparecido. Neste período os caiçaras viram a destruição do seu modo de vida seja pela grilagem de suas terras por grandes empreendimentos imobiliário-hoteleiros, seja pelo apelo do “milagre” econômico, que fez que muitos abandonassem seus meios de vida, ou pela pura e simples negação do direito de acesso ao mar. Nas ultimas décadas do século XX e no inicio do século XXI, mais uma questão vem se somar a já problemática questão fundiárias das comunidades caiçaras: a preservação ambiental.
Uma situação emblemática desta nova realidade é o imbróglio envolvendo os moradores da Praia do Aventureiro, na Ilha Grande em Angra dos Reis, e as autoridades, no que diz respeito à preservação ambiental. De um lado os moradores, querendo garantir o direito à terra, de onde tiram seu sustento há pelo menos três gerações. Do outro lado as autoridades conservacionistas, que no ideal de preservar o meio ambiente acabaram colocando a sociedade em oposição à comunidade. Gerando assim diversos conflitos.
O relato abaixo  foi baseado em trabalhos apresentados por cientistas sociais e nas experiências da jornalista Roselaine Pinto que teve a oportunidade de acompanhar alguns desdobramentos da transformação da Praia do Aventureiro em Reserva Biológica.
Em 1981, sem consultar as pessoas diretamente atingidas, o governo do estado do Rio criou a Reserva Biológica da Praia do Sul, e em 1991 o Parque Estadual Marinho do Aventureiro, na mesma região da Ilha Grande, que proíbem respectivamente a presença humana e a pesca nesses locais. No entanto, 83 pessoas, divididas em 23 famílias moravam na localidade, por isso fazia parte do plano à realocação dessas famílias no continente. Mas isso nunca aconteceu de fato e os órgãos de fiscalização ambiental, neste caso a FEEMA, foram apertando as normas. Por exemplo, nesta época os caiçaras foram proibidos de praticar a agricultura de subsistência, além disso, em toda a Ilha Grande havia limitações legais quanto à pesca na costeira.
Na mesma época em que os caiçaras perdem fontes de sustento, em 1994, o Presídio Cândido Mendes, que funcionava na Praia de Dois Rios, foi desativado, isso estimulou o turismo em toda Ilha, inclusive na Praia do Aventureiro. Com o aumento de turistas na região surgiu a necessidade de se ter mais dormitórios e mais construções na localidade. A chegada dos turistas estimulou os caiçaras a permanecerem em suas terras, ao invés de migrarem para o continente em busca sustento. Vale lembrar, que ao contrário de outras regiões na Ilha Grande, a exploração do turismo no Aventureiro é familiar.
Isso reascendeu no Governo a ideia de retirar todos os moradores da Praia. O trabalho com o turismo foi caracterizado, pelo órgão de fiscalização, o como uma “descaracterização cultural” que ameaçaria a integridade da Reserva Biológica. Além disso, tinham uma visão baseada em uma divisão de classes econômicas, que pressupõe a estagnação de um grupo social como o do Aventureiro. As relações entre os órgãos fiscalizadores e a população entram em colapso, com o aumento da fiscalização. O turismo foi visto como fator de descaracterização social e destruição da natureza.
Nesse contexto, e com a entrada em cena do Ministério Público, um ambientalista pediu na justiça que os moradores do Aventureiro fossem transferidos para o continente, e que os órgãos fiscalizadores, FEEMA, Prefeitura de Angra, e IEF, fossem responsabilizadas criminalmente. O principal argumento era que a comunidade caiçara havia se descaracterizado e se tornado fator de destruição do meio ambiente. Em meio a esse conflito surge em 2000, por determinação do Ministério Público, a Associação de Moradores do Aventureiro, que insere na comunidade os valores ambientais e arregimenta defensores, como antropólogos, juristas e ONGs.
Em 2006, pressionada pelo Ministério Público, a Prefeitura de Angra dos Reis capitaneou uma grande ação de fiscalização em toda Ilha Grande e em especial na Praia do Aventureiro. Essa ação desencadeou uma reação que culminou com a criação de um Termo de Ajuste de Conduta. Esse termo definiu a capacidade de carga do Aventureiro em 560 pessoas por dia envolvendo a própria comunidade na gestão deste número e permitiu o funcionamento de 18 campings.
Hoje a intenção, ainda em tramitação é retirar o Aventureiro da Reserva Biológica da Praia do Sul e criar para o local a Reserva de Desenvolvimento Sustentável ou APA, que poderá através do turismo sustentável, conciliar proteção ambiental e desenvolvimento econômico para os moradores.
Toda a discussão sobre as consequências da criação de uma reserva biológica na praia do Aventureiro passou por discussões apaixonadas de ambientalistas, cientistas sociais e moradores, e agora caminham para o desfecho, que esperamos seja baseado na ética e no respeito aos valores das comunidades tradicionais, uma vez que acontecimentos impactantes transformam as relações do homem com o homem e do homem com a natureza. O turismo para ser praticado com ética deve seguir as diretrizes da sustentabilidade seja ambiental, sociocultural, econômica e político-institucional, conforme preconiza o Ministério do Turismo A melhor forma de se fazer isso é com a prática do ecoturismo que se diferencia das demais modalidades de turismo, pois está baseado no conhecimento do meio ambiente, na justiça social e na educação ambiental.
Fontes:
O PODER DE NOMEAR A PRAIA DO AVENTUREIRO (RJ): ESTADO, ESPECIALISTAS E POPULAÇÕES TRADICIONAIS: XV Congresso Brasileiro de Sociologia 26 a 29 de julho de 2011: Disponível em http://docs.google.com/ Acesso em 14 de out. de 2011

MEU LUGAR VIROU RESERVA BIOLÓGICA E PARAÍSO PARA TURISTAS: V Encontro Nacional das Amplas quatro a sete de outubro de 2010 Florianópolis – SC: Disponível em: http://docs.google.com/ Acesso em 14 de out. de 2011.
O SURGIMENTO DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO AVENTUREIRO, ILHA GRANDE–RJ: RECONFIGURAÇÕES DE IDENTIDADES E USOS LOCAIS DO DIREITO: Disponível em: http://docs.google.com/Acesso em 20 de out. de 2011
IMAGEM 1: Disponível em:http://ilhagrande.org/Ilha-Grande-Portal/:Acesso em 20 de out. de 2011.