06 setembro 2013

Olimpíadas: longe dos ideais do Barão de Coubertin

       O Barão de Coubertin, idealizador da retomada das Olimpíadas, nunca imaginária que em menos de 100 anos da realização do primeiro jogos Olímpicos da era moderna, estes jogos se tornassem o maior evento esportivo mundial, e provavelmente Coubertin não aprovaria o distanciamento que os jogos obtiveram em relação aos princípios Olímpicos que preconizavam aspectos morais e éticos importantes para consolidar o esporte como uma atividade nobre, ligada à educação, a formação da juventude, assim como ao companheirismo, ao amadorismo e ao respeito incondicional às regras.Hoje no mundo contemporâneo, o esporte se rendeu as estruturas neoliberais da economia de mercado, transformando-se em uma grande instituição financeira que representa os interesses das corporações transnacionais, as quais ditam as regras no mercado mundial.
       Como marco deste mercantilismo ao qual o esporte foi definitivamente ligado, temos os Jogos Olímpicos de 1984 que foram realizados em Los Angeles, nos Estados unidos, nesta ocasião o Comitê Olímpico Internacional (COI) vendeu o evento, pela primeira vez, à iniciativa privada por meio de contratos de patrocínio.Desde então, os eventos esportivos passaram a ter a parceria de grandes empresas e esta relação com o mercado mundial evoluiu para as instituições esportivas, e as confederações, federações, ligas e clubes passaram a negociar o esporte como um produto de consumo.
      Esse alinhamento do esporte aos interesses econômicos seguiu a ótica das políticas neoliberais consolidadas na década de 1980. Os Estados nacionais passaram a ter menos influência política e as corporações transnacionais, mais influência econômica.
Segundo o próprio COI as últimas olimpíadas de inverno realizada em 2010 no Canadá e a de verão realizada em 2012 na Inglaterra rederam juntas mais que R$ 16 bilhões (US$ 8 bilhões) para o COI em venda de direitos de tevê/mídia e patrocinadores. Entre os patrocinadores dos jogos Olímpicos estão os principais players da economia mundial, tais como: Acer, Atos Origin, Coca-Cola, Dow Chemical, General Electric, McDonald’s, Omega, Panasonic, Procter&Gamble, Samsung e Visa.
        Como se pode constatar devido ao grande poder de audiência do esporte, os patrocinadores surgiram em grande número o que gerou um lucro inédito aos organizadores dos Jogos Olímpicos, e à crescente valorização do esporte na mídia, só tem feito crescer fluxo de capital recebido pelo esporte e pelos esportistas de primeira linha, sepultando de vez a máxima do Barão de Coubertin.
         "o importante não é vencer, mas simplesmente competir.”

Fonte: Corpo e Movimento na Educação
- Aspectos políticos do esporte e do corpo – CEDERJ, 2008.
Relatório do Comitê de Marketing do COI e do Comitê Organizador das Olimpíadas de Londres (Locog)- Londres, 2012.