21 abril 2011

Todo dia é dia de índio

Na construção de uma escola e de uma sociedade verdadeiramente multicultural não podemos deixar de levantarmos a questão da história indígena que tradicionalmente ficam fora da escola, e quando aparecem geralmente mostram os indígenas com estereótipos negativos herdados de nossa colonização. Nas escolas quando existem propostas curriculares que abordam as comunidades indígenas quase sempre se dão no contexto da colonização, como se o indígena não tivesse cultura e história antes da chegada dos europeus.
Chegança
Sou Pataxó,
Sou Xavante e Cariri,
Ianomâmi, sou Tupi
Guarani, sou Carajás.
Sou Pancaruru,
Carijó, Tupinajé,
Potiguar, sou Caeté,
Ful-ni-ô, Tupinambá.
(Antônio Nóbrega e Wilson Freire, do CD Pernambuco falando para o mundo, 1998)
O refrão da música Chegança mostra uma pequena parte da diversidade de povos que aqui habitavam, e quando reduzimos todos a “índios”, sem uma devida reflexão, negamos a estes povos uma identidade cultural diversificada, reduzindo tudo a uma homogeneização cultural. Além do que a palavra índio vem carregada de 500 anos de colonização e preconceitos, por isso ao usarmos a designação “índio” devemos sempre nos atentar que ela partiu do colonizador para os colonizados e tem embutida outros significados, tais como: selvagens, preguiçosos, incivilizados, é contra esta carga de preconceito que devemos trabalhar na sociedade e em sala de aula.
“A América não estava aqui à espera de Colombo, assim como o Brasil não estava aqui à espera de Cabral. Não são “descobertas” ou, como se dizia no século XVI, “achamentos”. São invenções históricas e construções culturais” (CHAUÍ, 2000, p. 57).
Reconhecer a importância da cultural  indígena e suas contribuições para a construção da nação brasileira é o primeiro passo para nos afastarmos dos preconceitos que a colonização nos deixou como herança em relação a estes povos, e o ensino da História indígena em sala de aula é fundamental para acabarmos com estes preconceitos, colaborando assim para construção de uma sociedade plural, na qual a diversidade é valorizada e respeitada.
Valorização dos povos indígenas não vai apagar da história o genocídio que marca a colonização de nosso país, mas com certeza pode promover a auto-estima dos remanescentes destas populações e promover o reconhecimento, para além da lei, dos direitos dos povos indígenas.
Fonte CHAUÍ,Marilena - BRASIL Mito fundador e sociedade autoritária - 2000

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