06 julho 2010

O ensino da História Africana

A copa disputada na África do Sul fez que o mundo voltasse os olhos para aquele continente, geralmente fora dos noticiários, e quando aparece é quase sempre negativamente. No Brasil, apesar da forte presença africana em nossa cultura a História deste continente é praticamente desconhecida por nós. Este quadro começa a mudar com a obrigatoriedade do ensino da História Africana em nossas escolas.
Mas porque ensinar a História da África em nossas escolas? Primeiramente não podemos entender a nossa história como nação sem entendermos as relações do Brasil com o continente africano. A África esta intrinsecamente ligada a nossa história, portanto conhecer a história da África é essencial para entendermos nossa história. Não devemos nos esquecer que a História da África esta profundamente ligada a História da humanidade, pois lá é que surgiram as primeiras formas conhecidas de homens e mulheres.
Outro motivo pelo qual devemos ensinar a História africana é para combater o racismo e elevar a auto-estima de nossos alunos, e para que isto ocorra o governo Federal tornou obrigatório o ensino da História da África em nossas escolas (Lei 10.639/03 e Resolução CNE nº 1, de 17 de Junho de 2004).
Durante séculos os Africanos foram espalhados compulsoriamente para diferentes partes do mundo, na maior diáspora que se tem notícia, e o tráfico de escravo foi o grande responsável por estes movimentos de migrações forçadas, e neste processo os africanos não levaram consigo somente sua força de trabalho, mas seus conhecimentos, suas tecnologias, suas visões do mundo, seus talentos e valores. Nas Américas, principalmente, podemos sentir a presença desta herança Africana, sejam nos costumes, na língua, na cultura, na história e na própria formação da identidade nacional.
Geralmente na escola não temos acesso a estes conhecimentos, que fazem parte da História Africana, pois a história que se conta geralmente é a do opressor e não a do oprimido, o desconhecimento sobre a cultura e a História dos Africanos e seus descendentes nas Américas, podem nos levar, muitas vezes a simplificar as explicações para um fenômeno tão complexo quando ao racismo entre nós, perpetuando a falácia da suposta democracia racial brasileira.
O racismo é um fenômeno que influi no modo de agir e se ver no mundo, julgando “raças” ou culturas como inferiores ou superiores. Apesar de não termos um racismo às “claras” como ocorrem em outros países, o Brasil possui um racismo dissimulado quase “envergonhado”, mas que é presente quando se faz necessário “manter o negro em seu lugar”. Quem já não presenciou ou foi vítima de uma cena de racismo explícita? Pelo conhecimento da História e seus processos de exclusão, é que poderemos trabalhar junto aos nossos alunos a questão do racismo desmistificando a nossa “democracia racial” mostrando, que na verdade, o sistema é excludente e perverso para com os afros descendentes e que este racismo não é “natural” ao ser humano, que podemos e devemos discutir esta questão com intuito de quebrarmos este círculo vicioso que exclui a maioria dos negros da economia e da vida política em nosso país.


Caso queira se aprofundar no assunto acesse o link abaixo:

Resolução CNE nº 1, de 17 de junho de 2004




Um comentário:

Mônica Alcântara disse...

Excelente postagem, bem propícia ao momento!!!
E parabéns por todas as postagens e continue com essa garra e coragem de escrever sobre a educação e suas verdades conteporâneas...