21 agosto 2010

Gestão Democrática

Algumas redes municipais e estaduais de educação tem adotado um novo modelo de gestão escolar, onde a comunidade escolar elege seus gestores, neste modelo a comunidade elege o “diretor” que assume o papel de gerente da escola, já que o mesmo é responsável e responsabilizado por atingir ou não as metas, geralmente oriundas e impostas por um poder central e estratificado hierarquicamente acima dos gestores eleitos pela escola. Neste cenário a participação da comunidade se limita a “votar”. Mas será que este modelo pode ser chamado de democrático? Ou este processo seria somente para dar um “verniz” democrático, legitimando o “status quo”, criando uma falsa idéia de democracia, já que na verdade o poder de decisão e intervenção no processo continua fora da escola e da comunidade.
Este modo de gerir baseado no “gerencialismo” cria uma nova autoridade legitimada em um processo neoliberal, e ratifica um modelo que vê nesta eleição, o direito de gerir despoticamente e usa este novo modo de gestão, como uma oportunidade de enraizar os seus credos de uma nova ordem social, política e econômica, usando para isto padronizações e criando métodos de avaliações que tornem possível a comparação e o controle dos resultados obtidos. Mas seria este modelo “empresarial” o mais adequado as nossas escolas? Seria correto, a escola ser um braço das empresas, ficando nossas crianças a mercê de modelos suscetíveis a ondas econômicas? E deveria a escola servir aos princípios econômicos? Seria este o desejo da comunidade em relação à escola?
Este novo modelo de “gestão” se apresenta como democrático, mas na verdade ele não permite a plena participação da comunidade escolar, já que o “gerente” tem metas e objetivos a cumprir, objetivos e metas que na maioria das vezes não foram discutidos com a comunidade escolar. Estas metas e objetivos em sua grande maioria são guiados e se baseiam por aumento de “produtividade”, massificação do indivíduo e se afasta da coletividade, impedindo o diálogo e afastando os reais interessados do processo decisório. Atendendo os princípios neoliberais, transformando os alunos em números em um modelo de formação de mão de obra.
Para que possamos realmente implantar uma gestão democrática na escola, é preciso garantir a participação dos grupos internos e externos na gestão da escola, tornando os co-responsáveis pela preparo e aplicação de um projeto pedagógico, que prime pelo ensino público de qualidade. Neste novo papel o diretor deve se afastar do modelo de administração vertical e adotar uma administração horizontal, dando voz e vez a todos os atores do processo. Somente com estas mudanças poderemos almejar uma escola realmente democrática e aberta à comunidade e seus anseios.
Referências: PARO, V. H. Gestão Democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2001.

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