06 outubro 2010

O consumo de carne e o meio ambiente

Atualmente vivemos um grande paradoxo na produção de alimentos, 70% das terras usadas na agricultura no mundo estão sendo usadas para o plantio de cereais, e mesmo assim ainda existem milhões de pessoas famintas no planeta. Isto pode parecer estranho, mas existem várias explicações e uma delas é que nem todos estes cereais estão sendo cultivados para o consumo humano, bem, pelo menos não diretamente. Já que um terço destes grãos está sendo usado para a alimentação de animais que serão consumidos pelos humanos, no passado o consumo de carne estava ligado à criação caseira, mas depois da segunda guerra mundial este cenário mudou, foram introduzidos a criação mecanizada e em massa destes animais assim o consumo de carne explodiu no mundo, em menos de um século este consumo foi multiplicado por três!  e para abastecer este mercado os grandes produtores precisam de muita terra e muita água, além de usarem sementes transgênicas e outros aditivos químicos com intuito de aumentar a produção destes grãos. Na área e tempo necessário para se produzir 1 kg de carne, produziríamos 200 kg de tomates, 160 kg de batatas, 120 kg de cenouras e 80 kg de maças. Por isso podemos afirmar que a carne é um alimento pouco solidário, já que enquanto poderíamos estar alimentando sete seres humanos com o uso de determinada pedaço de terra  estamos alimentado somente um! Só para se ter idéia, para se produzir um quilo de carne são necessários de 7 a 16 kg de soja. Além disto, o consumo exagerado de carne, principalmente a “vermelha”  podem causar danos a saúde do homem, pois favorecem ao aumento do colesterol, favorece a obesidade e aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
Outro perigo apresentado é a influência negativa deste grande consumo sobre o meio ambiente, pois todos os anos milhares de hectares de florestas são derrubados para a produção de grãos ou para a criação intensiva de gado, principalmente nos países ditos de terceiro mundo,  incluindo o Brasil. Existe também o risco de contaminação do solo e dos aqüíferos pelo excesso de pesticidas e herbicidas usados nestas plantações.
Hoje em dia temos a consciência que a água não é um recurso infinito, e que se não cuidarmos dos mananciais e do consumo, em breve poderemos ter a escassez deste recurso. Neste quesito consumo de água, a carne é uma grande vilã, pois se para produzirmos 1 kg de batatas gastamos 900 litros de água, para produzirmos 1 kg de carne consumimos 15.000 litros de água! Para completar, a produção de 1 kg de carne contribui para o efeito estufa tanto quanto fazermos uma viagem de carro de 220 km.Os países campeões no consumo per capita de carne são: Dinamarca com 145 Kg/ano, Nova Zelândia com 142,1 Kg/ano e Estados unidos com 124,8 Kg/ano e os entre os que menos consomem estão os africanos: Serra leoa com 6,1 kg/ano, Moçambique 5,6 kg/ano e Burundi com 3,5 Kg/ano,  o Brasil ocupa uma posição intermediária com 36,6 kg/ano por pessoa.
Logicamente não estamos pregando a abstinência, mas pregamos o consumo consciente e moderado de carne e seus derivados para que no futuro, se quisermos a sobrevivência da humanidade, não tenhamos que ser forçados a virar vegetarianos.

De certa feita o eminente agrônomo René Dumont, teria dito:
       "A sociedade ocidental, com seu excesso de consumo de carne e da sua falta de generosidade para com os pobres, se comporta como um canibal, um canibal indireto: come a carne, e desperdiçar os recursos de cereais, que poderiam ter salvado todas as pessoas que sofrem de fome". 
René Dumont foi escritor e Eng.º Agrônomo e teve papel fundamental na crítica as políticas de desenvolvimento e meio ambiente no pós-guerra. Era conhecido como o "agrônomo da fome", líder da luta contra a exploração predatória dos recursos naturais e um dos pioneiros da ecologia.


Fonte:  http://humanityy.com/ uma organização preocupada com ecologia, bem estar animal e solidariedade humana, conteúdo em Inglês e Espanhol

Nenhum comentário: