13 novembro 2010

EJA e a inclusão social.

Estudos mostram que no Brasil alunos pobres e alunos negros (situação que na grande maioria das vezes caminham, infelizmente, juntas) são levados a abandonar a escola prematuramente, e não por acaso a taxa de analfabetismo é dez vezes maior entre as famílias de baixa renda (até um salário mínimo) se comparada à famílias com renda acima de dez salários mínimos. E uma das conseqüências disto é que a taxa de analfabetismo entre negros e pardos é duas vezes maior que a encontrada entre brancos. Vários são os fatores que contribuem para o quadro citado acima, e o principal efeito desta situação e a imobilidade social causada pelo analfabetismo e baixa escolaridade das classes menos favorecidas e se houveram avanços nestes últimos anos, estes avanços não estão ocorrendo na velocidade desejada.
Existe uma urgência de iniciativas por parte do poder público e da sociedade, no sentido de promover a alfabetização de cerca de 17 milhões de brasileiros e a continuidade da escolarização de cerca de 30 milhões de homens e mulheres, jovens e adultos, que se encontram na categoria de analfabetos funcionais. Pois o analfabetismo e a baixa escolaridade deste segmento da população são os principais empecilhos para os mesmos possam alcançar melhores salários no mercado de trabalho e ascender socialmente, quebrando o círculo vicioso da pobreza.Quanto a esta realidade, estudos realizados pelos economistas Fernando Velloso e Sergio Ferreira, publicados pelo Jornal do Brasil em 2004, mas que infelizmente continuam atuais, mostram que são muito pequenas as chances das classes populares romperem este paradigma:
(...) Quanto menor o salário de um trabalhador, maior a chance de adulto, seu filho limitar-se a um contracheque do mesmo tamanho. Herdeiro de quem ganha até R$ 246 por mês tem 35% de possibilidade de continuar na mesma faixa de renda e apenas 7% de conseguir ganhar mais de R$ 1.383 (p. 17).
Uma das principais soluções para alfabetizar e proporcionar a continuidade da escolaridade das camadas populares e a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A EJA é destinada ás pessoas que por um motivo ou outro não seguiram o ensino regular na idade apropriada, esta modalidade educacional pode ser oferecida no espaço formal (escola), no ambiente de trabalho e nos movimentos sociais (sindicatos, associações de moradores, Igrejas, assentamentos rurais, etc).Conforme o parecer 11/2000 do Conselho Nacional de Educação, emitido pelo professor Jamil Cury, a EJA tem a função reparadora:
“Desse modo, a função reparadora da EJA, no limite, significa não só a entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade mas também o reconhecimento daquela dignidade *ontológico de todo e qualquer ser humano” (BRASIL, MEC, 2000, p. 6).
A implantação do EJA, com qualidade tanto no ensino fundamental como médio, pode e deve ser visto como uma possibilidade de reparação de uma injustiça para com as classes menos favorecidas. Além do mais, e talvez o mais importante, leitura, escrita e educação formal são elementos indispensáveis para a plena cidadania, fazendo parte dos direitos de todo cidadãos.
*ONTOLÓGICO Vem de ontologia, parte da Metafísica que estuda o ser em geral e suas propriedades transcendentais.

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