14 julho 2010

Agricultura transgênica – vantagem ou desvantagem?

Uma das discussões deste início de século no Brasil é a liberação ou não da agricultura transgênica em larga escala em nosso pais, apontada por muitos como a única solução para a fome mundial, e por outros como um grande perigo para a biodiversidade. O fato é que em vários países do mundo já se cultivam os transgênicos principalmente os grãos (soja e milho), e os mesmos estão presentes em vários produtos alimentícios comercializados atualmente, sendo que as maiorias dos países obrigam os produtos transgênicos e seus derivados a serem identificados quanto a sua origem. Mas o que seriam plantas transgênicas? São melhoramentos genéticos feitos nos organismos, em geral com objetivo de aumentar a produtividade e imunizar contra pragas. Os melhoramentos genéticos em espécies vegetais são feitos de duas maneiras: Sem transgênese, o vegetal de interesse é isolado sofre autopolinização, enxerto e tem acasalamento induzido, Com transgênese, existe a manipulação do gene de interesse, com aplicação de técnicas de fragmentação, replicação, recuperação do gene de interesse para o vegetal alvo.
O principal argumento a favor dos transgênicos seria a sua alta produtividade por área plantada, o que aumentaria a oferta de alimentos para a população, erradicando assim a fome no mundo. Segundo a Food and Agriculture Organization (FAO), órgão das nações unidas, à quantidade de alimento produzida hoje no mundo é suficiente para banir a fome do planeta uma vez e meia, mas um em cada sete habitantes do mundo passa fome mostrando que o problema da fome não é por falta de alimentos sim devido à desigualdade social. Outra crítica que é feita é que devido a esta propaganda sobre o “fim da fome” com os transgênicos, os governantes estariam relaxando em relação ao combate da desigualdade social, apostando todas suas fichas no milagre dos transgênicos. Os defensores dos transgênicos falam que na cultura de transgênicos o uso de inseticida é bem menor pois as plantas seriam mais resistentes aos insetos. Conforme relata Kimsky & Wrubel (1996) esta seria outra ilusão sobre os transgênicos, já que as culturas transgênicas seriam imunes a determinados insetos, mas aumentaria o ataque de outras espécies de insetos, e no final das contas se acabaria usando a mesma quantidade de inseticida que a cultura não transgênica. Existem também hipóteses que os transgênicos afetariam a biodiversidade, através da monocultura e substituição da vegetação nativa, os defensores dos transgênicos falam que estes prejuízos a biodiversidade ainda não estão mensurados e que não seriam maiores que os já causados pela agricultura comercial não transgênica, com vantagens para os transgênicos, pois produziriam mais grãos por hectares plantados.
Nos anos 70 tivemos a primeira revolução verde que causou desemprego no campo e a formação de grandes latifúndios, mas pelo menos houve um aumento da produção de alimentos, e a segunda revolução verde, capitaneada pelos transgênicos qual o seu verdadeiro interesse? Devemos lembrar que os transgênicos são frutos de pesquisas milionárias do setor privado, principalmente internacional, e estas empresas só visam lucro não tendo nenhum compromisso com o nosso desenvolvimento.
Cabe a população exigir que o governo estabeleça meios de controles e acompanhamentos destes produtos e também garantir a manutenção da nossa biodiversidade impondo regras sobre o uso destas plantas, e fomentando pesquisas nesta área para que não fiquemos nas mãos de empresas transnacionais tais como Syngenta, Bayer, Basf, Monsanto e Dow, que sozinhas possuem 74% das patentes das plantas transgênicas no mundo, formando assim um oligopólio que pode ser extremamente perigoso.

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