19 julho 2010

Revisionismo Histórico

 Temos visto publicados em revistas e jornais de grande circulação, artigos sobre o revisionismo histórico onde relatam que historiadores estariam revendo e recontando nossa história. Infelizmente estes artigos na grande maioria das vezes pegam pequenos fatos isolados e que, fora do contexto geral, induzem os leitores a formarem uma opinião errônea sobre os fatos históricos levando a concluírem que aquilo seria uma regra e não uma exceção. Um dos fatos isolados que é muito citado pelos artigos como uma “nova verdade” é sobre a relação dos negros com a escravidão, onde narram que alguns negros tinham escravos, mas qual a relevância disto perante os quase três milhões de negros que foram trazidos para o Brasil?
Foram 400 anos de escravatura e com certeza alguns negros conseguiram se mover dentro da estrutura social alcançando posições de destaque e em tais situações iriam seguir o modo de vida reinante, mas devemos lembrar que estes eram casos raríssimos e que a grande maioria dos negros eram escravos e viviam em condições degradantes. O mesmo tom é apresentado sobre a relação dos índios com os brancos, expondo que alguns grupos teriam sido favorecidos e se integrado ao modo de vida trazida pelos europeus. As sociedades indígenas, apesar da visão branca de “serem todas iguais”, possuíam organização social, línguas e costumes diferentes entre si o que gerava conflito entre eles e cada grupo se aliava ao homem branco conforme sua conveniência, mas as grandes maiorias dos grupos indígenas resistiram aos colonizadores até a morte ou fugindo para regiões mais remotas. Assim temos que deixar bem claro que, na grande maioria das vezes a convivência dos índios com os brancos foi imensamente prejudicial aos índios e que o principal responsável pelo extermínio das nações indígenas foi o homem branco e até hoje as comunidades indígenas sofrem as conseqüências de nossa colonização.
Os historiadores com certeza têm um compromisso com a verdade, levando a uma reinterpretação da história, mas os professores não devem esquecer que estes olhares revisionistas tirados dos contextos mais amplos, podem despertar ou mesmo servir de álibi para a manutenção das injustiças que ocorrem em nosso país. Como se essas “novas verdades” amenizassem as nossas responsabilidades perante as injustiças vividas pelos índios e negros em nosso país. Por isso é necessário que o professor tenha uma boa base teórica, caso queira enveredar por este caminho para evitarmos passar uma mensagem deturpada que contribua mais ainda para posturas negligentes perante o problema do racismo em nossa sociedade.
Aproveite para conhecer, no link abaixo, a aldeia Sapukai dos índios Guaranis em Angra dos Reis .

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