29 dezembro 2011

Anantha-he, anantha-he!

Na Índia em todo final do mês de Janeiro, milhares de peregrinos se dirigem a cidade de Nova Délhi, capital do país, onde em 30 de Janeiro de 1948 foi assassinado o líder hindu Mahatma Gandhi, estes peregrinos se dirigem a uma laje de mármore negro, que marca o local do assassinato de Gandhi, levando flores, sobretudo pétalas de rosas. Esta multidão de homens, mulheres e crianças, reverenciam o grande líder com os adultos saudando: “Mahatma Gandhi”, e as crianças respondendo: “Anantha-he, anantha-he”, isto é, “Para sempre, para sempre”.
Gandhi era um pacifista, adepto da não violência, e lutava não só pela independência da Índia, mas pela união dos hindus e mulçumanos, bem como pelo fim do regime de casta que perdura na sociedade indiana.
Gandhi, falava que não possuía mensagem, sua mensagem era seu exemplo de vida, e dizia:
"Tudo o que eu faço é na busca de Deus. Anseio por ver a Deus face a face. O Deus que eu conheço se chama Verdade".
Mirando no exemplo de Gandhi, que viveu entre os mais humildes e morreu na pobreza, desejamos que nossos mandantes sejam tocados pelo exemplo de Gandhi, e trabalhem pelo bem comum da população e não em proveito próprio.
“Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição.”
Mahatma Gandhi

19 dezembro 2011

Você tem cultura?

No artigo “Você Tem Cultura?” publicado em 1981, mas que continua atualizado, o antropólogo Roberto da Matta destaca o papel da cultura na organização das condutas e dos fenômenos coletivos e nos propõe uma reflexão sobre o significado da palavra “Cultura” em nossa sociedade, que ainda hoje carrega um viés etnocentrista.
Para isso, Roberto da Matta chama atenção para um dos conceitos empregados na palavra cultura que é o sentido de sofisticação, classificando pessoas ou grupos com culturas mais ou menos “sofisticadas”. Usando a palavra cultura de forma discriminatória contra grupos ou pessoas, como se cultura fosse o volume de “leitura”, o controle de informações ou mesmo sendo confundido com “inteligência”. Da Matta lembra que a palavra “personalidade”, também é utilizada em vários sentidos. Em um deles, na psicologia, como traços que caracterizam os seres humanos. No dia-a-dia como um aspecto desejável e invejável de uma pessoa, quando falamos, “fulano tem personalidade”, onde algumas pessoas teriam personalidade e outras não. Mas a verdade, é que todos nós temos personalidade, assim como todos nós temos cultura.
Ele chama a atenção para o fato de que para a antropologia, cultura é a maneira de viver de um grupo ou pessoa, que permite que haja a interação entre o grupo. Isso nos leva a compreender que não há homem sem cultura e que ela pode estabelecer comparações entre os grupos, sem a sua hierarquização.  Isso porque existem gêneros de cultura que podem ser associados a certos grupos sociais. O problema segundo o autor, é que sempre classificamos hierarquicamente as formas de comportamento e pensamentos diferentes dos nossos de forma depreciativa.
Para o autor, o conhecimento do que é cultura pode nos ajudar a compreender as diferença tanto entre as pessoas, como entre os grupos. Não se esquecendo que existem potencialidades que se destacam e nos permitem enxergar essas diferenças. O desenvolvimento ou não dessa potencialidade não indica que uma cultura seja mais evoluída que a outra. O que isso mostra é o potencial que cada cultura tem. Ele cita como exemplo sociedades indígenas, que diferentemente de nós, tem o respeito pela vida.  Nós, até temos a preocupação ambiental, mas sem o devido respeito pelas plantas, rios, mares e animais. A cultura como conceito nos mostra que não há homens sem cultura.
A cultura nos permite sim, as comparações, mas como iguais, sem estabelecer hierarquias, onde não existam sociedades inferiores ou superiores. Da Matta explica que mesmo diante de culturas que se apresentam para nós de forma irracional, cruel ou pervertida, devemos compreendê-las como seres humanos, mesmo que seja para evitá-las, já que viver em um universo marcado demarcado pela cultura faz parte do ser humano.
Assim, a cultura nos permite manifestar melhor nossas diferenças e recuperar a nossa humanidade, em nós e nos outros. Isso é necessário para que possamos encontrar caminhos para os pobres, marginais e oprimidos. E para isso, precisamos estar abertos para as diversas formas e configurações sociais que a cultura nos apresenta. Da Matta nos propõe um exercício antropológico que  nos leve a compreensão de que a própria negação da existência da cultura no outro é um modo de agir cultural. Este modo de agir deve ser revisto  e quem sabe modificado para entendermos todas as pessoas têm sua cultura e  que todas as culturas se equivalem.
Fonte: Da Matta, Roberto, Você tem cultura?Jornal da Embratel, RJ, 1981.
Roberto Da Matta - pesquisador e professor de Antropologia Social do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista. Tem inúmeros artigos publicados em revistas especializadas nacionais e estrangeiras. Foi professor visitante na Universidade de Winsconsin, Madison (Estados Unidos) e na Universidade de Cambridge (Inglaterra).

17 novembro 2011

Olhar estrangeiro 2

         Neste mês foi lançado nos Estados Unidos o livro de memórias da ex-secretária de Estado Norte-americana durante o governo George Bush, Condoleezza Rice. Entre as várias passagens do livro, ela relata a impressão que teve do nosso país quando o visitou em 2005, além de declarar amor pela Bahia, ela fez a seguinte colocação:
“Durante a visita me surpreendi com a divisão racial no Brasil. Os brasileiros sempre sustentaram que não tem problema racial. Pareceu-me que nos serviços braçais ficam os africanos (com pele escura); nos serviços, os mulatos (bi raciais); e os funcionários do governo têm ascendência europeia/portuguesa. O Brasil foi o país (que visitei) mais parecido com os EUA na sua composição étnica, mas parece ter tirado pouco proveito da revolução pelos direitos civis que mudou a face da política e da sociedade americana”
Apesar da nossa tão propalada “democracia racial”, o racismo na sociedade brasileira pode ser visto por qualquer pessoa que visite o nosso país, como foi o caso de Condoleezza. Nos Estados Unidos para que houvesse o fim da escravatura houve uma guerra civil dos estados do sul contra os estados do norte, com a vitória dos estados nortistas a escravatura foi abolida, mas os negros ainda continuavam segregados e sem direitos civis. Rosa Parks em 1955 ao se recusar a dar lugar a um passageiro branco em um ônibus no estado do Alabama, no sul dos Estados Unidos, deu início a uma revolução pelos direitos civis para os negros, que acabou gerando impactos profundos na sociedade norte-americana. No Brasil a abolição da escravatura se deu através da assinatura da lei áurea, após anos de luta e campanha de grupos abolicionistas, sendo o Brasil um dos últimos países do mundo a abolir este crime contra a humanidade.
          Infelizmente tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o fim da escravidão não veio acompanhado de políticas que trabalhassem a integração do negro a sociedade, estas políticas nos Estados Unidos só começaram na metade do século passado, com as chamadas “ações afirmativas” que visavam inserir o negro na sociedade estadunidense. As “ações afirmativas” são medidas pontuais que surgem em determinadas sociedades com o objetivo de reparar uma determinada situação histórica de discriminação. A discriminação vigente nessas sociedades tem um impacto direto nas oportunidades materiais dos indivíduos que a sofrem. No Brasil uma das ferramentas mais conhecida, e criticada, das “ações afirmativas” que começaram no Brasil somente na ultima década do século XX, é o processo de reserva de vagas (cotas) nas universidades publicas, que visam dar aos negros a oportunidade de acesso ao ensino superior. Apesar de toda resistência de certos setores da sociedade, é indispensável fomentar estas ações afirmativas, não somente para os negros como bem para outros grupos minoritários.
          A situação persistente de iniquidade alimenta a construção de vulnerabilidade e de acúmulo de desvantagens que mantém os negros (pretos e pardos) e outros grupos minoritários em situação de pobreza crônica, contribuindo para a banalização das desigualdades e da invisibilidade do outro como ser humano.
Referências:
RIBEIRO A.P.A, GONÇALVES M.A.R, Questões étnicas e de gêneros – Volume único , Fundação CECIERJ, 2011
CONDOLEEZZA, RICE, “No Higher Honor: A memoir of my years in Washington”, Crown Publishing Group – 2011.

07 novembro 2011

Zumbi dos Palmares

         No século XVII a existência do Quilombo dos Palmares, desafiava a Coroa portuguesa, que já havia enviado 15 expedições militares para exterminar o Quilombo e todas haviam sido rechaçadas pelos quilombolas, como eram chamados os moradores dos Quilombos. Nestes tempos a capitania de Pernambuco era a mais rica das terras brasileiras, pois possuía grandes engenhos de açúcar que faziam a riqueza da Coroa Portuguesa e um assunto corria nas rodas de conversas em Pernambuco: era Palmares. Ninguém sabia a certo onde ficava. Alguns diziam que era lá para o lado da serra da barriga, mata fechada, inacessível. Mas ninguém duvidava de que Palmares existisse de verdade. Não eram somente histórias. Palmares havia surgido no final do século XVI, quando os primeiros negros, fugindo da escravidão ali se refugiaram. Desde então, o mito de Palmares não havia feito outra coisa senão crescer. Todos que buscavam liberdade, negros, índios e inclusive brancos para lá queriam fugir. Em 1678 estimava-se que a população de Palmares chegasse a vinte mil almas, e havia, ainda, a questão do mito, que incomodava mais que qualquer coisa. Nos engenhos e senzalas, Palmares era sinônimo de Terra Prometida, e Zumbi, considerado imortal, era visto como seu guardião fiel e valente. A 16ª e derradeira expedição militar para destruir Palmares foi confiada pelo governador de Pernambuco, Caetano de Melo de Castro, a Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista sem escrúpulos e sanguinário, especialista na caça aos índios e líder de uma tropa de renegados.
         Domingos Jorge Velho comandava um pequeno exército de dois mil homens armados, que após muito transtornos chegaram ao Quilombo em 1695, e travou uma luta desigual contra os quilombolas mal armados. O quilombo resistiu por 22 dias. Zumbi, mesmo lutando bravamente teve que fugir e se esconder devido à superioridade do inimigo. Sendo capturado e morto em 20 de Novembro daquele ano, após ter sido traído por companheiros. Por sua trajetória de resistência e liberdade, Zumbi é considerado o símbolo do movimento negro e a data de sua morte foi escolhida como o dia da Consciência negra.

25 outubro 2011

MST – ENSINANDO A NÃO ANDAR DE JOELHOS


A preocupação com a educação faz parte da história de luta do Movimento Sem Terra (MST). Mesmo em condições precárias, é prática corrente manter uma escola na maioria dos acampamentos espalhados pelas beiras das estradas e latifúndios do país. Logo que conquistam a terra, uma das primeiras medidas dos assentados é pressionar para que as administrações municipais construam escolas nas áreas. Não uma escola qualquer. Querem um tipo de ensino que dê condições aos seus filhos de continuarem aperfeiçoando seu saber agricultor, mantendo-se no campo e não deixando de ser camponeses. O debate sobre o papel das escolas para as crianças dos sem-terra começou em 1986, um ano depois das primeiras ocupações de terra organizadas pelo movimento. Os acampados de então queriam saber se a escola "ia continuar formando crianças para andarem de joelhos a vida inteira ou se ia possibilitar a elas compreender por que os seus pais tiveram que enfrentar o desafio de viver num acampamento". Esses tipos de questionamentos despontaram em diversos acampamentos e assentamentos do país. E é daí que nasceu, em 87, o Coletivo Nacional de Educação, responsável pela estruturação, ao longo dos anos, da proposta de educação do MST.
A proposta baseia-se, sobretudo, na tríade prática-teoria-prática. O conhecimento deve partir da prática, da vivência concreta das crianças, e retornar a ela. É assim que os alunos constroem o seu saber e se tornam sujeitos de seu conhecimento. A idéia é que só a teoria não basta. Todo conteúdo transmitido pelos professores tem que ser vivenciado na prática pelos alunos. Uma prática que tem a ver diretamente com todo o trabalho na terra e que vai além, enfocando. A teoria brota como forma de solucionar os problemas concretos que as crianças encontram na escola, no assentamento ou na comunidade. Assim, o aprender a ler, escrever e calcular está intimamente ligado com a formação da consciência crítica e organizativa. E também com a história que os fez estarem ali, num assentamento de reforma agrária. Essa ligação com a história é evidente nas próprias paredes das escolas, onde aparecem invariavelmente cartazes e a bandeira do movimento. O jornal do movimento, que informa sobre a luta pela reforma agrária em todo o país, é utilizado em sala de aula. As datas comemorativas são sempre enfocadas sob a ótica dos trabalhadores, tome-se como exemplo o Dia da Independência (Sete de setembro), Nas escolas dos acampamentos a "independência" é questionada, pois a maioria dos brasileiros não tem comida, trabalho, casa, terra e condições de higiene e saúde.
Margarida Alves, Padre Josimo e Chico Mendes são alguns dos mártires da luta pela terra homenageados na hora de as escolas serem batizadas. Um aspecto importante desta proposta é fazer com que as crianças valorizem a luta de seus pais. "Elas não têm que ter vergonha deles porque eles tiveram que acampar", fala um dos professores do MST. Nas escolas dos assentamentos na hora de escolher os "temas geradores" que serão trabalhados pelos alunos durante o ano, reúnem-se todos, pais e professores e são escolhidos temas geradores que estejam presentes no cotidiano das crianças. A partir desses temas, os professores trabalham com os alunos questões de ciências, matemática e português. Nas escolas dos assentamentos, além de trabalharem todas as matérias da escola de forma coletiva, as crianças estão organizadas de uma forma que reproduz o sistema de cooperativa.
É difícil apagar o preconceito social que persegue os sem-terra, por isso é necessário um olhar  profundo e sem preconceitos sobre este movimento que tem sua proposta educacional nascida da necessidade dos filhos dos militantes terem o direito a alfabetização e a educação, mas para que esta educação não fosse dissociada da luta pela reforma agrária, ela foi associada a valorização do homem do campo e a formação de cidadãos críticos e capazes de unidos lutarem por seus direitos.
Referência: Revista Sem Fronteiras – nº235 (Dezembro/1995) p.12


19 setembro 2011

O professor e as novas tecnologias.

Na Sociedade moderna os processos de aquisição do conhecimento assumem um papel de destaque e passam a exigir um profissional crítico, criativo, com capacidade de pensar com autonomia e de aprender a aprender. Além de possuir a capacidade de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo
Apesar de reconhecermos que a sociedade esta cada vez mais tecnológica, ainda não existe um consenso da necessidade de incluir, e como incluir nos currículos as habilidades e competências para lidar com estas novas tecnologias. Mas independente desta discussão, existe a necessidade de uma reinvenção do papel do professor, e este novo papel esta ligado a como ele interage com estas novas tecnologias, desenvolvendo atividades de interesse didático/pedagógico no mundo virtual.
Nesta nova realidade o professor deve saber usar o ciberespaço e suas ferramentas para desenvolver os ambientes de aprendizagem centrados nas atividades dos alunos, na interação social e no desenvolvimento do espírito colaborativo e autônomo do aluno, e para que o “novo” professor possa atuar nesta nova sociedade, são necessários ao professor alguns pré-requisitos, tais como:
- Conhecimento das novas tecnologias e da maneira de operá-las;
- Curiosidade para pesquisas para construção e adaptação de conteúdos;
- Capacidade para provocar hipóteses e deduções para compreensão de conceitos;
- Capacidade de dialogar com o conhecimento sejam em grupo ou individualmente
- Capacidade de divulgar resultados e multiplicar descobertas.
         Outra função do “novo” professor será a de orientar os educandos sobre onde colher informações no ciberespaço e como tratá-las, ora estimulando o trabalho individual, ora apoiando o trabalho de grupos reunidos por área de interesses.
Para a “construção” deste novo professor, ele não pode ser colocado á margem do processo tecnológico, ele tem debater a apropriação destes recursos e das formas de gestão que possibilitam sua implantação no ambiente escola.
A incorporação das novas tecnologias como ferramentas comuns ao ambiente escolar, é um elemento que pode contribuir para uma maior vinculação entre os contextos de ensino e as culturas que se desenvolvem fora do âmbito escolar.
A escola tem o desafio de não apenas incorporar as novas tecnologias, mas também, de promover o desenvolvimento de reflexões sobre o conhecimento e o uso das novas tecnologias.
Ao professor cabe entender que não se sustenta apenas o saber usar as tecnologias, é necessário saber interagir com ela e criar espaços efetivamente educacionais, talvez seja este o grande desafio da educação neste início de século.
“É preciso começar a discutir convergências não só de tecnologias, mas também de aprendizagens.“
Maria Luiza Belloni , professora e pesquisadora (UFSC) no 1° Encontro Internacional do Sistema Universidade aberta do Brasil.
Referencias:
http://www.capes.gov.br
http://www.cedu.ufal.br

13 setembro 2011

O cidadão norte-americano

Nestes tempos de xenofobia, o texto abaixo do antropólogo Norte Americano Ralph Linton publicado originalmente no Estados Unidos em 1936 no livro “ O homem: uma introdução a antropologia” nos leva a refletir sobre a teia cultural que une todos os homens. Como podemos ver no texto, apesar de não darmos conta, o nosso cotidiano de homem moderno esta repleto de contribuições de outras culturas por isso devemos sempre termos cuidado com os nacionalismos exacerbado.
          “O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo emprego foi descoberto na China. Todos estes materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos “mocassins” que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos e entra no quarto de banho cujos aparelhos são uma mistura de invenções européias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é vestiário inventado na Índia e lava-se com sabão que foi inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito.
Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário têm a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas do século XVII. Antes de ir tomar o seu breakfast, ele olha a rua através da vidraça feita de vidro inventado no Egito; e, se estiver chovendo, calça galochas de borracha descoberta pelos índios da América Central e toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas. De caminho para o breakfast, pára para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de elementos tomados de empréstimo o espera.O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China.A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval: a colher vem de um original romano. Começa o seu breakfast com uma laranja vinda do Mediterrâneo Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a idéia de aproveitar o seu leite são originárias do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café, vêm waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria-prima o trigo, que se tornou planta doméstica na Ásia Menor. Rega-se com xarope de maple, inventado pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos. Como prato adicional talvez coma o ovo de uma espécie de ave domesticada na Indochina ou delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um processo desenvolvido no Norte da Europa. Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome uma planta originária do Brasil: fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do México. Se for fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas por intermédio da Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for bom cidadão conservador, agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-européia, o fato de ser cem por cento americano".
(LINTON, Ralph. O homem: Uma introdução à antropologia, 1959).

21 agosto 2011

01 julho 2011

Consumo Consciente – selos certificadores.

   
      Hoje estes selos de certificação são encontrados nos mais variados segmentos da cadeia produtiva, levando em consideração aspectos como: redução e compensação das emissões de carbono, uso da água, manejo florestal adequado, boas práticas na pecuária, produção marinha e agricultura, biocombustíveis, construção e design ecológicos e conservação da biodiversidade.
       Mas não basta adquirir o selo de certificação, periodicamente estas empresas são auditadas e podem ter, ou não, o seu selo renovado conforme suas práticas ambientais.
       No Brasil e no mundo existem vários “selos de certificação”, que são expedidos por associações de empresas que definem normas para a produção sustentável de todo o segmento, certificando aqueles que as atendem e por ONGs e entidades públicas que definem os critérios da certificação e fiscalizam sua aplicação. No Brasil existem vários selos e grande parte está em produtos nas prateleiras das lojas e supermercados, mas será que nós sabemos o que cada um certifica?
  Preocupados com impacto do consumo sobre o planeta, os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto ao controle dos processos e requisitos socioambientais quando da produção de qualquer bem a ser consumido. De olho neste novo consumidor as empresas começaram a adotar voluntariamente, selos de certificação, estes selos dão aos consumidores a certeza que na produção daquele produto foram respeitadas práticas corretas na obtenção da matéria prima, na relação com a comunidade, no uso racional dos recursos naturais e no respeito às leis trabalhistas.
Produtos Florestais:
A internacional FSC e a nacional CERFLOR (gerida pelo Inmetro), certificam produtos de origem florestal tais como: lenha, fibras naturais, sementes e seus derivados: móveis, papel, lápis, etc. entre os mais conhecidos, atestando não somente a origem da matéria-prima, mas toda cadeia produtivo de cada item.
Alimentos:
O internacional Rainforest Alliance Certified é concedido pela Imaflora no Brasil e certifica a produção de alimentos através da Agricultura Responsável que leva em conta aspectos como respeito à biodiversidade e às condições trabalhistas, além dele há vários selos regionais que certificam produtos agrícolas, como frutas, café, cacau e chás.
Produtos orgânicos:
Os selos garantem a procedência e a produção de alimentos, cosméticos, algodão e até produtos de limpeza orgânicos. Para o nacional Ecocert, os alimentos processados devem conter um mínimo de 95% de ingredientes orgânicos. Já o selo do IBD (Instituto Biodinâmico), também nacional, certifica também hotéis e restaurantes que usam esses produtos.
Eficiência energética:
No brasil, o selo Procel indica os eletroeletrônicos de melhor eficiência energética, ou seja os que menos consomem energia em cada Categoria, e é auditado pela Eletrobrás.
 
Construção civil:
O selo internacional Leed (Liderança em Energia e Design Ambiental) é um dos que certificam edificações que minimizam impactos ambientais nas construções e na operação, pelo uso de materiais renováveis, economia de água, energia e gás, descarte correto de resíduos, etc.
Produtos Marinhos:
O selo da organização FRIEND OF THE SEA atesta que a pesca é feita de forma sustentável, e que não há captura de espécies ameaçadas de extinção durante a atividade pesqueira e que a empresa tem projetos sociais.
Portanto ao adquirir um produto de preferência a quem respeita o meio ambiente, a comunidade e os trabalhadores.
Consumo consciente: abrace esta idéia.
Fonte: www.planetasustentavel.com.br










18 junho 2011

Um ano sem José Saramago


1922 – 2010
Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.”

José Saramago

11 junho 2011

Um pouco da história dos Quadrinhos

Para muitas de nossas crianças o primeiro contato com as letras se dá pelas histórias em quadrinhos,
A história dos quadrinhos remota ao século XIX na Europa onde alguns autores Alemães, Franceses e Suíços lançam as bases dos quadrinhos, mas para a maioria dos estudiosos as histórias em quadrinhos como conhecemos hoje, tiveram o seu início no final do século XIX, nos Estados Unidos da América, aparecendo no formato de tiras, em jornais diários e nos suplementos dominicais. Em 1895 surge o Personagem “The Yellow Kid”, nas tiras do jornal “New York World” esta tira introduz o balão, que iria definitivamente ser incorporado à estruturação dos quadrinhos, na esteira deste sucesso surge vários outros personagens, tais como “Os sobrinhos do Capitão” criados em 1897. No final dos anos vinte surgem nos Estados unidos as primeiras revistas dedicadas aos quadrinhos, conhecidas como “Comics Books” que na verdade são compilações das tiras publicadas em jornais. Com a grande depressão de 1929 surgem os quadrinhos com super heróis, claro escapismo aos problemas gerados pela depressão: fome, desemprego e desestruturação social que atingiram não só os Estados Unidos, mas todo o mundo ocidental.
Durante a segunda guerra mundial, as histórias em quadrinhos perdem seu caráter ingênuo e passam a ter uma conotação ideológica, com vários heróis sendo “convocados” para lutar ao lado dos aliados contra o nazi-fascismo. Na década de 60, na onda das mudanças comportamentais que ocorrem pelo mundo, as histórias em quadrinhos começam a apresentar heróis que mesmo com super poderes enfrentam dificuldades dos homens normais, sejam amorosas, existenciais, éticas ou financeiras. Na década de 70, surge um novo estilo nas HQs: o quadrinho underground, com personagens irreverentes e contestadores, o principal expoente deste movimento é Robert Crumb, autor de Fritz and Cat.
Nos anos 80, foram a vez das graphic novel (romances gráficos), autores como Will Eisner, Alan Moore, Frank Miller, Art Spiegelman criaram obras que hoje são referências no mundo dos quadrinhos. Nos anos 90 as HQs ocidentais passaram a dividir a atenção do publico com os Mangás, o jeito japonês de fazer quadrinhos e que possuem uma legião de fãs no mundo. A indústria dos quadrinhos durante a sua história teve altos e baixos, mas desde a década de 30, alguns grupos passam ao largo das crises, como é caso de uma das gigantes no mundo das histórias em quadrinhos: A Disney, vende seu quadrinhos em todo o mundo, capitaneados pelo seu maior astro: Mickey Mouse. O mesmo faz a Marvel/DC, gigante do filão dos super-heróis.
No Brasil o pioneiro das HQs com personagens genuinamente brasileiros foi Ziraldo com “A Turma do Pererê” na década de 60. Hoje várias editoras apostam em novos talentos brasileiros, mas o carro chefe das publicações e vendas das HQs genuinamente nacionais é “A turma da Mônica” criada por Mauricio de Souza e publicada desde 1970.
As histórias em quadrinhos fazem parte da nossa vivência e estão sempre se reinventando, assim como a sociedade, muitas vezes refletindo nossos ideais, medos e ansiedades e de outras vezes, somente nos divertindo, nos alienando deste mundo. Por isso elas são ferramentas formidáveis para serem usadas na educação, tantos dos pequenos como dos jovens, e também dos adultos.
poderoso recurso que desperta o prazer pela leitura e proporciona um primeiro contato com uma narrativa mais complexa. Na construção das histórias em quadrinhos são trabalhados diversos conceitos tais como: linguagem, imagem e narrativas, além de temáticas variadas que atendem a todos os gostos e faixas etárias, hoje em dia os estilos dos quadrinhos são vários e alguns autores/desenhistas são verdadeiras celebridades, como Robert Crumb, Frank Miller, Alan Moore, Grant Morrison, Peter Milligan, Will Eisner entre outros.
Para ficar por dentro das ultimas novidades dos quadrinhos nacionais visite o blog abaixo:

06 junho 2011

TECNOLOGIAS ASSISTIVAS

 
Hoje quando falamos de educação inclusiva para os portadores de necessidades especiais, não podemos deixar de falar da importância da informática neste processo, pois a inserção dos portadores de necessidades especiais, por si só, nas escolas regulares não garante a inclusão destes indivíduos no processo educacional. Por isso é necessário que esta inclusão seja pensada também como inclusão digital. Com esta nova realidade surgiu um novo ramo de pesquisa denominado Tecnologia Assistiva (Assistive Technology), que tem como objetivo a criação e adaptação das tecnologias as necessidades de acessibilidade dos portadores de necessidades especiais. Conforme Damasceno e Galvão Filho (2005), Podemos classificar estes recursos em três grupos:
Adaptações físicas ou órteses: são dispositivos ou adaptações fixadas e utilizadas no corpo do indivíduo e que facilitam a interatividade com o computador.
Adaptações de hardware: são dispositivos ou adaptações efetuadas nos componentes físicos do computador ou nos periféricos convencionais para garantir a interatividade. São representados, também, por periféricos específicos projetados e construídos para os portadores de necessidades especiais.
Softwares especiais de acessibilidade: são os componentes lógicos, softwares, projetados para possibilitar ou facilitar a interatividade do portador de deficiência com o computador.
O desenvolvimento de tecnologias assistivas na área de informática envolve a produção de softwares e hardwares específicos para facilitar o uso e acesso as ferramentas da informática, mas para que ocorra a inclusão digital, se faz necessário que os educadores tenham acesso a estas tecnologias assistivas e que os mesmos estejam treinados para uso das mesmas, e bem como, a escola possua equipamentos adequados. Infelizmente nossas escolas estão bem aquém desta realidade, mas isto não deve ser impeditivo para um trabalho com razoável qualidade juntos aos educandos, existem opções de programas gratuitos desenvolvidos por várias universidades, como por exemplo: os programas Dosvox, um sintetizador de voz muito útil as pessoas com baixa visão e o Motrix, que permite a utilização dos computadores por comando de voz, ambos os programas foram criados pelo núcleo de computação Eletrônica da UFRJ e podem ser baixados gratuitamente no site: http://www.nce.ufrj.br/
Para conhecer e se aprofundar nas várias possibilidades de adaptações dos hardwares a necessidades dos portadores de deficiências acesse o site: http://www.galvaofilho.net/assistiva/assistiva.htm
Em um mundo globalizado é imprescindível a inclusão digital, e os portadores de necessidades especiais devem ter acesso a estes e outros programas/hardware que podem e ajudam a inclusão digital, contribuindo assim para a formação de uma sociedade democrática e com respeito às diferenças.





30 abril 2011

Eu gosto de ler gostando

Eu gosto de ler gostando,
gozando a poesia,
como se ela fosse
uma boa camarada,
dessas que beijam a gente
gostando de ser beijada.

Eu gosto de ler gostando
gozando assim o poema,
como se ele fosse
boca de mulher pura
simples boa libertada
boca de mulher que pensa...
dessas que a gente gosta
gostando de ser gostada
.

 Solano Trindade Poeta do Povo  (1908 – 1974)

21 abril 2011

Todo dia é dia de índio

Na construção de uma escola e de uma sociedade verdadeiramente multicultural não podemos deixar de levantarmos a questão da história indígena que tradicionalmente ficam fora da escola, e quando aparecem geralmente mostram os indígenas com estereótipos negativos herdados de nossa colonização. Nas escolas quando existem propostas curriculares que abordam as comunidades indígenas quase sempre se dão no contexto da colonização, como se o indígena não tivesse cultura e história antes da chegada dos europeus.
Chegança
Sou Pataxó,
Sou Xavante e Cariri,
Ianomâmi, sou Tupi
Guarani, sou Carajás.
Sou Pancaruru,
Carijó, Tupinajé,
Potiguar, sou Caeté,
Ful-ni-ô, Tupinambá.
(Antônio Nóbrega e Wilson Freire, do CD Pernambuco falando para o mundo, 1998)
O refrão da música Chegança mostra uma pequena parte da diversidade de povos que aqui habitavam, e quando reduzimos todos a “índios”, sem uma devida reflexão, negamos a estes povos uma identidade cultural diversificada, reduzindo tudo a uma homogeneização cultural. Além do que a palavra índio vem carregada de 500 anos de colonização e preconceitos, por isso ao usarmos a designação “índio” devemos sempre nos atentar que ela partiu do colonizador para os colonizados e tem embutida outros significados, tais como: selvagens, preguiçosos, incivilizados, é contra esta carga de preconceito que devemos trabalhar na sociedade e em sala de aula.
“A América não estava aqui à espera de Colombo, assim como o Brasil não estava aqui à espera de Cabral. Não são “descobertas” ou, como se dizia no século XVI, “achamentos”. São invenções históricas e construções culturais” (CHAUÍ, 2000, p. 57).
Reconhecer a importância da cultural  indígena e suas contribuições para a construção da nação brasileira é o primeiro passo para nos afastarmos dos preconceitos que a colonização nos deixou como herança em relação a estes povos, e o ensino da História indígena em sala de aula é fundamental para acabarmos com estes preconceitos, colaborando assim para construção de uma sociedade plural, na qual a diversidade é valorizada e respeitada.
Valorização dos povos indígenas não vai apagar da história o genocídio que marca a colonização de nosso país, mas com certeza pode promover a auto-estima dos remanescentes destas populações e promover o reconhecimento, para além da lei, dos direitos dos povos indígenas.
Fonte CHAUÍ,Marilena - BRASIL Mito fundador e sociedade autoritária - 2000

02 abril 2011

Noticias da FLIP 2011

A Festa Literária Internacional de Paraty em 2011, ira homenagear o poeta modernista, escritor, ensaísta e dramaturgo Oswald de Andrade dono de uma vasta obra, cuja mais conhecida é o “Manifesto Antropófago” marco do modernismo tupiniquim. Após dois anos de debates mais acadêmicos, a FLIP deste ano dará espaço a ficção, entre os convidados já confirmados estarão Michel Houellebecq, contraditório autor Francês, autor do aclamado livro “Partículas Elementares”, e aproveitando a festa o autor lançará no Brasil o seu livro “O Mapa e O Território”.
Entre as presenças já confirmadas teremos a do romancista Norte americano, James Ellroy autor de “Dália Negra” e "Los Angeles – cidade proibida” ambos adaptados para a sétima arte, O autor terá a companhia do seu compatriota, David Reminick, autor do livro “Dentro da Floresta”. Outro que se fará presente é o escritor Italiano Antonio Tabucchi, entusiasta da obra de Fernando Pessoa, ele escreveu sobre o poeta vários ensaios e o livro “Os três últimos dias de Fernando Pessoa”. Outra presença confirmada e a do cineasta Francês Claude Lanzmann autor do documentário "Shoah", sobre o holocausto contra os judeus na segunda guerra mundial. Para os fãs dos quadrinhos, a FLIP terá a presença de Joe Sacco, autor da consagrada graphic novel: “Palestina: Na faixa de gaza e Área de Segurança”.
Outros convidados que já confirmaram presença são: Emmanuel Carrére, escritor Francês com diversos livros lançados no Brasil, o Argentino Andrés Neuman escritor e poeta consagrado da língua espanhola, o escritor Luso-angolano Valter Hugo Mãe e a escritora Argentina Pola Oloixarc.
Entre os autores brasileiros esta confirmada a presença do escritor Baiano João Ubaldo Ribeiro, que dispensa apresentação e é garantia certa de boa prosa nas mesas literárias.
A FLIP ocorrera entre 06 a 10 de Julho, na cidade de Paraty no litoral sul Fluminense.
Acompanhem no site do evento as novidades.
http://www.flip.org.br/
*Programação sujeita a mudanças.

01 março 2011

Bullying não tem graça


      Bullying, substantivo nascido do adjetivo, bully, que signifi­ca valentão. Em seu pior sentido da palavra. Esta palavra de origem inglesa denomina um dos grandes problemas enfrentados pelas escolas nos dias de hoje, a perseguição contra os diferentes, sejam fisicamente, racialmente ou intelectualmente. Esta perseguição pode envolver violência física ou psicológica e geralmente é exercido  por pequenos grupos que elegem um aluno para ser vitima de suas covardias. Mas o que leva uma criança ou adolescente a sentir prazer em maltratar um ser humano? Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro Bullying — Mentes Pe­rigosas nas Escolas (Objetiva) estas crianças/adolescentes podem ser divididas em quatro grupos, no primeiro grupo estariam crianças sem limites em casa, geralmente causada pela ausência dos pais, que procuram compensar esta falta não dando limites aos filhos. Um segundo grupo incluem as crianças que não possuem um exemplo de tolerância vindo da família, sendo comum pais violentos e que externam seus preconceitos. Já um terceiro grupo seriam de crianças que mudam repentinamente de personalidade e que podem estar sendo influenciadas pelo grupo. Nestes três tipos de crianças, cabe aos pais observar e conversar com os filhos e se necessário procurar ajuda profissional, que pode ser um orientador, um psicólogo ou um terapeuta.
No quarto grupo se encontram aquelas crianças com natureza perversa que apesar de serem poucos entre os bullies, são crianças que não demostram capacidade de sentir o sofrimento dos outros, estas crianças geralmente desde cedo não demonstram comoção ao ver um sofrimento de um animal, não sendo raro torturar os mesmos por um prazer sádico. Este grupo de crianças são os casos de maior dificuldades e que necessitam de acompanhamento terapêutico por longo tempo.
Mas qual o papel da escola na prevenção ao bullying? Estudos indicam que a escola deve agir antes do bullying acontecer, isto pode ser feito adotando algumas praticas, tais como: desenvolver tanto nos professores quanto nos demais profissionais um olhar mais observador, capaz de perceber os sinais de violência, adotar uma maior supervisão nos pátios e em sala de aula, principalmente nos intervalos, punir os agressores, assessorar as vitimas e transformar os espectadores em aliados e em sala de aula, não deixar o tratamento por apelidos, evitar a formação de “panelinhas”, incentivar a relação entre as pessoas. Também deve-se promover debates sobre violência, sobre multiculturalismo, sobre respeito mútuo e relações humanas. Outra postura importante é evitar que os profissionais da escola usem atos agressivos, verbais ou não, entre si ou para com os alunos. Dando assim exemplo aos jovens. O psicólogo e professor Dan Olweus,da Universidade de Bergen, na Noruega, pioneiro no estudo do bullying nos ensi­na com identificar potenciais agressores
Em casa
1. Volta da escola com as roupas amarrotadas e exibe um certo ar de superioridade.
2. Apresenta atitude desafiante e hostil com pais e irmãos.
3. É habilidoso para sair-se bem em situações complicadas.
4. Tenta exteriorizar sua autori­dade sobre alguém frágil.
5. Porta objetos ou dinhei­ro sem justificar a origem.
Na escola
1. Faz brincadeiras ou gozações com os colegas diariamente.
2. Coloca apelidos pejorativos ou prefere chamar os cole­gas pelo nome e sobrenome.
3. Insulta, menospreza, ridicu­lariza e difama sem culpa.
4. Faz ameaças, dá ordens, do­mina e subjuga os tímidos.
5. Incomoda, intimida, empurra, picha, bate, dá socos, pon­tapés, beliscões, puxa os ca­belos, envolve-se em discus­sões e desentendimentos.
6. Pega materiais, dinheiro, lan­che e outros pertences dos colegas sem consentimento.
O bullying já é considerado nos Estados unidos e em alguns países da Europa como um problema de saúde publica e segurança, e recebe das autoridades uma atenção especial no sentido de coibir esta pratica, não sendo raros os casos que vão parar no judiciário, onde os praticantes de bullying acabam sendo tratados de forma rigorosa como criminosos comuns.

"Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais".
Artigo 5a do Estatuto da Criança e do Adolescente.
 
Fonte: Bullying: mentes perigosas na escola. SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.
Fonte: Revista Claudia – Janeiro 2011 – Editora Abril - Pp93 a 95

11 fevereiro 2011

O Brasil da ECO-92 à RIO +20

          
 Há quase vinte anos o Brasil sediou na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) que ficou conhecida como ECO-92, o tema principal deste encontro era debater como conciliar o crescimento econômico com a preservação ambiental, naquela conferência o Brasil aparecia como grande vilão do meio ambiente, já em Maio de 2012 a cidade do Rio de janeiro irá sediar a conferência RIO+20 cujo tema é: “Economia verde, desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza”, e o mundo que antes nos olhavam com desconfiança, hoje vê nosso país com admiração: pela primeira vez uma economia de peso está conseguindo se desenvolver conciliando a expansão da riqueza com a preservação do meio ambiente já que as grandes economias, como: China, Europa, Estados unidos e Japão só conseguiram o desenvolvimento a um custo muito alto para a natureza, sendo eles grandes responsáveis pelo passivo ambiental mundial.
Nesta conferência os lideres estrangeiros irão encontrar um país bem diferente, com uma sensível melhoria das condições de vida da população, sejam pelas políticas públicas implantadas, sejam pela melhoria da situação econômica e também por uma crescente conscientização que os recursos naturais devem ser preservados. Hoje a Brasil possui uma posição de vanguarda na produção e desenvolvimento de bicombustíveis e na reciclagem de materiais, com destaque para o alumínio. Das 1.000 empresas de 60 países que fazem relatórios de sustentabilidade pelo padrão internacional GRI (Global Reporting Initiative) 72 são brasileiras, além de outras 110 empresas brasileiras que estão se adequando para produzir este documento em breve.
Em vinte anos o Brasil mudou de uma economia instável e estagnada para uma economia em crescimento, este cenário de desenvolvimento sustentável ajudou a termos hoje índices bem melhores em relação ao meio ambiente do que em 1992. Logicamente não estamos no paraíso e ainda temos muito a avançar e devemos ficar vigilantes, pois volta e meia surgem propostas para abrandar nossa legislação ambiental, sempre com a falsa idéia que desenvolvimento e preservação do meio ambiente são incompatíveis.
Abaixo temos alguns índices que mostram avanços significativos do Brasil em relação ao meio ambiente:
Água potável em % da população
com acesso
:
Coleta de lixo em % do
total produzido:
1992 – 88% 1992 – 80%
2009 – 93% 2008 – 98%

Empresas com GRI (Relatório
Internacional de sustentabilidade):

Reciclagem de alumínio
em % do total produzido:
1992 – 01 1992 – 50%
2009 - 72 2008 – 91%

Emissão de gases nocivos a camada
de Ozônio em mil toneladas

Área de Preservação ambiental
em milhares de km²:
1992 – 11,2 1992 – 386
2008 - 2,09 2010 – 1.288
Fonte: Anuário ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL – Análise Editorial, 2011

25 janeiro 2011

Olhar estrangeiro…



  Veja a declaração proferida por Kul Wadhwa, Diretor da Wikemedia Foundation, durante sua palestra no Campus Party 2011, evento tecnológico que ocorreu este mês em São Paulo.  
“Eu sei um pouco de português porque minha mulher é brasileira,” comentou Wadhwa em sua palestra. “E é por isso que eu sei que educação faz diferença. O pai dela só completou o ensino fundamental. A mãe só terminou o ensino médio. Ela tem um doutorado, e por isso cresceu, mas teve que estudar fora. Isso está errado. Vocês precisam falar com os professores, falar com o governo, para melhorar a educação aqui, no Brasil”.
Os problemas educacionais no Brasil são tão visíveis que até um estrangeiro é capaz de identificá-los e propor soluções. Como sugerido por Wadhwa cabe a sociedade pressionar por uma melhora na qualidade da educação que é fornecida aos nossos jovens nas escolas públicas brasileiras, e isto só será conseguido com um amplo debate sobre qual educação queremos para nossas crianças.
A educação de qualidade deve ser um compromisso de todos, escola, comunidade e governo, pois somente com a universalização da educação com qualidade, teremos um país desenvolvido e com oportunidades iguais para todos.
  Veja o que rolou no Campus Party2011
http://www.abril.com.br/blog/campus-party/

05 janeiro 2011

Zilda Arns – Doutora do Brasil

Neste mês faz um ano que o Haiti foi atingido por um violento terremoto que destruiu o já precário país e causou centena de milhares de mortes e outros milhares de feridos e desabrigados. O Haiti divide a ilha de Hispaniola nas Antilhas com a Republica Dominicana, o país tem um histórico de governos autoritários e sangrentos além de ser o país mais pobre das Américas e um dos países mais pobres do mundo. Entre os milhares de mortos vitimas do terremoto constam algumas dezenas de brasileiros, a maioria militares que estavam no país em missão de paz da ONU. O Brasil perdeu também alguns civis que prestavam algum tipo de serviço humanitário na ilha, entre eles a Drª Zilda Arns, pediatra e sanitarista brasileira que estava na ilha para difundir o trabalho da Pastoral da Criança, organização ligada à igreja Católica criada e dirigida por Zilda Arns e que atua no combate a desnutrição, a mortalidade infantil e a violência contra a criança no Brasil e no mundo.
“Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quando a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.”
Trecho do ultimo discurso de Zilda Arns.
O modelo de atuação da Pastoral da Criança foi exportado para todo o chamado terceiro mundo principalmente para a África, América Latina e Caribe, nestes quase trinta anos de atuação a Pastoral da Criança salvou milhões de vidas.
Zilda Arns dedicou sua vida a luta pelas melhorias das condições de vida para milhões de pessoas no mundo inteiro, levando educação, cidadania e criando condições para que as comunidades pobres possam ser protagonistas de suas próprias histórias de transformações sociais. Com sua morte o Brasil e o mundo perderam uma heroína e uma defensora dos menos favorecidos.
“Aquele que salva uma alma, salva o mundo inteiro”
Trecho do Talmud ( texto Judaico)